Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, identificaram um tipo de MicroRNA que pode ser promissor para o desenvolvimento de tratamentos contra a calvície.
MicroRNA são pequenas moléculas que realizam a regulação pós-transcricional dos genes. Parece grego para você? A grosso modo, todas as nossas características físicas são herdadas dos nossos pais por meio dos genes (incluindo a calvície). A nível celular, nosso DNA passa por um processo chamado regulação gênica, que controla quais dessas características serão expressas no organismo. Por exemplo, se o indivíduo tiver o gene da calvície, é nesse momento que ele se tornará efetivo e fará cair cabelo.
Este processo, no entanto, não é definitivo. Mesmo depois de serem transcritos nas células, os genes podem ser inibidos ou “silenciados”, isto é, revertidos. É aí que entram os MicroRNAs, agentes pós-transcricionais. Eles são capazes de bloquear a efetividade dos genes.
Descoberta do miR-218-5p
Fundamentalmente, o que o gene da calvície faz é reduzir o tamanho dos folículos do couro cabeludo, tornando-os obsoletos. O MicroRNA descoberto pelos cientistas da Universidade da Carolina do Norte, chamado miR-218-5p, é capaz de reverter este processo, fazendo com que os folículos cresçam novamente. Desse modo, os pesquisadores concluíram que aumentar os níveis de miR-218-5p no organismo promove o crescimento do cabelo, enquanto inibi-lo faz com que ele caia.
Calvície é uma das características prescritas pela presença de genes específicos no DNA. Imagem: Pixabay
Em laboratório, os cientistas observaram em camundongos o efeito de células cultivadas de maneiras diferentes. “Nós estávamos interessados em ver como as células dermatológicas regulam o processo de crescimento dos folículos, então procuramos por exossomos, ou, especificamente, MicroRNAs exossômicos naquele micro-ambiente”, contou o cientista Ke Cheng, líder do estudo.
Exossomos são como “bolsas” acopladas às células. Em seu interior, eles podem conter diversos tipos de molécula, incluindo MicroRNA. Os camundongos tratados com células que continham miR-218-5p em seus exossomos recuperaram 90% de sua cobertura capilar em 15 dias.
A descoberta foi publicada na revista Science Advances, e pode representar o fim dos tratamentos caros e improdutivos contra a calvície.
“Esse MicroRNA pode ser utilizado na fabricação de medicamentos. Potencialmente, ele possibilita a criação de cremes ou loções que auxiliem no crescimento de cabelo”, afirma Cheng. Os resultados do estudo, no entanto, são preliminares, e precisam ser validados por outras pesquisas.
Via: Medical Express