Pesquisadores criam tecido condutivo que permite armazenar dados em roupas

Redação01/11/2017 12h27, atualizada em 01/11/2017 13h21

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Pesquisadores da Universidade de Washington criaram um método que permite usar roupas e tecidos para armazenar dados e interagir com dispositivos eletrônicos sem a necessidade de baterias ou circuitos. O método consiste em usar um tecido condutivo nas roupas; esse tecido pode ser magnetizado e, em seguida, o campo magnético pode ser lido por aparelhos eletrônicos.

No estudo (pdf), os pesquisadores detalharam uma maneira relativamente simples de se fazer isso. Um pedaço de tecido condutivo pode ser imantado com ímãs positivos e negativos. Isso gera um padrão binário no tecido que em seguida pode ser lido por um magnetômetro. A vantagem é que praticamente todos os smartphones têm magnetômetros; eles conseguem então ler esses padrões e convertê-los em código binário, o que tem diversas aplicações. O vídeo abaixo mostra algumas delas:

É possível, por exemplo, magnetizar uma tira de tecido para armazenar dados binários nela. Quando o tecido é lido pelo celular, ele pode contar qualquer tipo de dado binário – o esquema é semelhante ao de códigos de barras. No caso de um pedaço maior de tecido, é possível até mesmo criar uma imagem rudimentar com a magnetização: pedaços positivos podem ser interpretados como pixels brancos, e os pedaços com campo magnético negativo, como pixels pretos, por exemplo.

Usando uma luva com um pedaço de tecido condutivo na ponta dos dedos, é possível interagir com o celular por meio de seu magnetômetro. O componente é capaz de reconhecer movimentos de deslizar para cima, para baixo e para os lados. Além disso, ele também consegue identificar quando o tecido se aproxima ou se afasta da tela.

Dessa maneira, seria possível controlar, por exemplo, a reprodução de música do celular. E como o controle é feito por ímã, ele funciona mesmo por cima de roupas – dentro do bolso, por exemplo. Nesse caso, a solução demonstrou uma precisão de 90% no reconhecimento de gestos. É possível também criar pulseiras, colares ou outras roupas e acessórios com magnetização. Eles podem ser usados, por exemplo, para destravar portas com leitores magnéticos, substituindo chaves ou crachás.

Barato e prático

Segundo os pesquisadores, essa magnetização fica retida no tecido mesmo que ele seja lavado, secado e passado. Ou seja, as roupas feitas com ele podem ser tratadas da mesma maneira que roupas normais sem que percam os dados magnetizados nelas. Mesmo sem que qualquer procedimento fosse feito com as roupas, os cientistas perceberam que elas mantinham sua magnetização “após diversos meses”.

Quanto à chance de desmagnetização por proximidade com outros ímãs, os pesquisadores dizem que não é uma ameaça. O único problema, segundo eles, seria se a roupa ficasse em contato próximo, durante muito tempo, a um campo magnético forte e em movimento. Isso porque o sistema busca por mudanças relativas, e não absolutas, no campo magnético.

A tecnologia é semelhante, em diversos aspectos, à identificação por radiofrequência (RFID). No entanto, enquanto os leitores de RFID operam em uma série de frequências entre 120 kHz e 10 GHz, os magnetômetros são todos capazes de ler as mesmas informações magnéticas.

Fora isso, os leitores de RFID podem chegar a custar milhares de dólares, enquanto os magnetômetros chegam a custar 78 centavos de dólar. E cada tira de tecido condutivo custa menos de 17 centavos de dólar, o que torna esse sistema muito mais barato e prático.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital