Pesquisadores da Universidade de Harvard e do Hospital Infantil de Boston desenvolveram um robô de forma maleável que pode aumentar as chances de que pessoas sobrevivam a ataques cardíacos. O robô é colocado em volta do coração do paciente e é capaz de se torcer e comprimir de maneira sincronizada ao músculo cardíaco. Em outras palavras, ele ajuda o coração a bater.

O aparelho é composto por um invólucro de silicone com atuadores pneumáticos. Os atuadores, movidos por uma bomba de ar, podem se expandir, contrair e torcer para ajudar os músculos do coração. Enquanto um conjunto de atuadores se expande e contrai, outro conjunto é responsável por “girar” todo o invólucro, resultando num movimento muito semelhante ao do coração, como pode ser visto abaixo:

Segundo a principal autora do estudo, Ellen Roche, o aparelho também pode ser customizado para cada paciente: se o coração dele tem mais fraqueza do lado esquerdo, por exemplo, os atuadores daquele lado podem ser ajustados para fazer mais força. Eles também vão aplicando menos força com o tempo, conforme a condição do paciente evolui.

Já existem máquinas semelhantes, chamadas de Dispositivos de Assistência Ventricular, que ajudam o coração a bombear sangue após infartos, ou em situações em que sua força é insuficiente. No entanto, esses dispositivos entram em contato com o sangue; isso aumenta o risco de coágulos, o que exige que o paciente tome remédios para afinar o sangue, algo perigoso. A nova criação não entra em contato com o sangue, e por isso evita esse risco.

Um auxílio aos corações partidos

Para inserir o robô, os médicos usam uma mistura de pontos, aparelhos de sucção e gel lubrificante para impedir que o atrito do invólucro com o músculo danifique o coração. No futuro, ele poderá auxiliar mais de 140 mil pacientes que sofrem com sintomas de fraqueza muscular cardíaca, além de prolongar e melhorar a qualidade de vida de pacientes na espera por um transplante de coração.

Mas, por enquanto, o dispositivo foi testado apenas em porcos. Com o auxílio de drogas, os pesquisadores reduziram a atividade cardíaca dos porcos a 45%. Em seguida, com o robô, foi possível fazer a função cardíaca dos animais voltar a 97% dos níveis normais. Mais testes e mudanças de engenharia são necessários antes que o aparelho possa ser aplicado a humanos. Abaixo, ele pode ser visto em funcionamento no coração de um porco:

O sucesso do dispositivo até agora mostra que aparelhos robóticos mecânicos de forma maleável podem ser uma área interessante para pesquisa médica. “Esse trabalho é uma interessante prova conceitual para robôs de forma maleável, mostrando que eles podem interagir de maneira segura com tecidos moles e levar a melhorias na função cardíaca”, disse Conor Walsh, outro autor do estudo.