Pesquisadores criam ‘drone pombo’ utilizando penas de aves reais

Ao estudar cadáveres de pombos, cientistas da Universidade de Stanford criaram um aparelho voador que replica a dinâmica de voo das aves usando uma estrutura de controle mais simples
Renato Mota16/01/2020 23h06

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Para entender como funciona a mecânica do voo dos pássaros, cientistas construíram um drone com asas feitas de penas de pombos. A ideia foi replicar alguns dos movimentos que as aves fazem, mas que as máquinas feitas por humanos não conseguem reproduzir.

O PigeonBot foi construído na Universidade de Stanford, após estudos que analisaram cadáveres de pombos usando sistemas de captura de movimento, medindo como as penas se moviam enquanto manipulavam os ossos.

“Comecei com apenas uma pergunta: como as penas individuais funcionam juntas?”, lembra a estudante de graduação Laura Matloff, que há muito tempo pensava em incorporar o conhecimento da biologia na engenharia. Com um microscópio, os pesquisadores descobriram que as penas possuem um rico sistema farpas e ganchos que é ativado quando as asas são abertas, como uma espécie de velcro, que é forte o suficiente para resistir à força do vento.

Já havia estudos para a construção de uma aeronave com asas baseadas em asas de pombo, mas nesses projetos os pilotos controlavam pena individual. A pesquisa da equipe de Stanford descobriu que com o velcro, a verdadeira asa de pombo opera de forma muito mais simples, e criaram um modelo de voo em que se manipula apenas o ângulo da asa geral e o ângulo da articulação no meio. Um tendão flexível, como um elástico, altera o ângulo de todas as penas em conjunto.

A equipe então colocou 40 penas de pombo reais em um esqueleto artificial, recriando o que os pesquisadores viram nos estudos com cadáveres. O PigeonBot ainda tem uma hélice, cauda e leme artificiais, controladores e sensores – e drone voou que foi uma beleza. “Lembro do primeiro dia em que ele voou e depois que pousamos com sucesso. Foi esse sentimento de ‘oh meu Deus, realmente funcionou'”, lembrou Eric Chang, outro estudante de graduação de Stanford que participou do projeto.

A pesquisa agora pode ir em duas direções. Os estudos sobre as penas podem ajudar a desenvolver um novo tipo de velcro, e o drone auxiliar os engenheiros aeroespaciais a considerarem um modelo mais simples de voo. Mas o professor orientador David Lentink teve outra ideia: robôs-pássaros baseados em espécimes que estão armazenadas em museus. “Você pode recriar um condor de maneira robótica para entender seu comportamento de voo e usar esse insight para ajudar as espécies”, acredita.

Via Gizmodo

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital