A manipulação de sonhos é possível, desde que aconteça numa fase específica do sono. É o que aponta um estudo realizado por cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), que desenvolveram um dispositivo capaz de induzir e registrar os sonhos de 49 voluntários. 

O experimento ocorreu em três etapas:

  1. Um sensor chamado Dormio foi colocado pelos pesquisadores no pulso dos participantes. Semelhante a uma luva, o aparelho é capaz de reconhecer, por meio de sinais fisiológicos, se a pessoa está adormecida;
  2. Enquanto os voluntários pegavam no sono, um aplicativo emitia repetidas vezes a mensagem “lembre-se de pensar em árvores”. Este foi o tema escolhido pelos cientistas para conduzir o estudo;
  3. Passados alguns minutos de sono, o Dormio vibrava para despertar os voluntários. Então, era solicitado que eles narrassem o que haviam sonhado e voltassem a dormir. 

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Dispositivo Dormio na mão de um voluntário. Imagem: Reprodução/MIT

O ciclo foi repetido diversas vezes a fim de assegurar que os resultados fossem precisos. Ao final do experimento, 67% dos participantes mencionaram a presença de árvores em algum momento durante os sonhos.

“Eu estava seguindo as raízes de uma árvore”, contou um deles, “e podia ouvi-las pulsando uma espécie de energia, como se estivessem me levando a algum lugar”.

Estágio hipnagógico

Os resultados só foram possíveis porque o experimento foi realizado durante um estágio de consciência chamado “hipnagogia”, que ocorre antes do sono profundo. 

Nessa etapa, o cérebro ainda não está de fato dormindo, e ainda é capaz de responder a estímulos externos; mas também não está acordado, e já começa a produzir os primeiros sonhos. 

“A hipnagogia é um estado de consciência instável e flexível”, explica o neurocientista Adam Haar Horowitz, que conduziu o estudo. “É como se o corpo estivesse flutuando e caindo, com os pensamentos entrando e saindo de controle rapidamente”. 

Algumas figuras notáveis conhecidamente utilizavam o método hipnagógico para impulsionar a criatividade. Uma delas foi Salvador Dalí, que pintava quadros surrealistas inspirado pelo conteúdo de seus sonhos. O inventor Thomas Edison também chegou à ideia de algumas de suas invenções por meio do sono semi-consciente: ele adormecia com pedaços de metal nas mãos e, quando deixava-os cair, despertava para anotar o que estivera sonhando.

Haar Horowitz explica que “sonhar com um tema específico oferece benefícios criativos relacionados a este tema”. Ele sugere que o Dormio pode ser utilizado com essa finalidade, destacando o mérito do dispositivo de “induzir esses benefícios criativos de propósito, de maneira direcionada”. 

Via: Science Alert