A Lime, uma das maiores empresas de patinetes elétricos do mundo, adverte usuários a tomarem cuidado extra enquanto dirigem seus veículos. Isso porque, de acordo com um comunicado oficial da companhia, uma falha técnica nos produtos pode ocasionar “freio excessivo súbito durante o uso”.

Segundo o Washington Post, testes revelam que o freio repentino geralmente é acionado quando os patinetes são conduzidos ladeira abaixo em alta velocidade. De acordo com a Lime, foram realizadas algumas atualizações remotas, o que já levou a uma redução no número de ocorrências.

Porém, a companhia continua a solicitar que os clientes deem uma “bela apertada” nos freios assim que começarem a viagem, para assegurar que o patinete vai funcionar adequadamente. A Lime informa que o problema demonstra que o risco é um fator onipresente em seus veículos e que somente é possível trabalhar para reduzi-lo.

De acordo com o New Zealand Herald, a empresa identificou 155 incidentes com freios irregulares em Auckland — dos quais 30 resultaram em contusões. O número de lesionados meramente por falhas técnicas, portanto, é, no mínimo, considerável.

Não é por falta de aviso

O alerta vem alguns meses depois de o Washington Post puxar um histórico de patinetes da Lime que se desfizeram em pedaços durante a corrida e lesionaram condutores nos EUA. A empresa retirou milhares de veículos de circulação da Califórnia, no verão passado, depois de descobrir que alguns tinham baterias que poderiam pegar fogo a qualquer momento. Mais recentemente, denúncias de lesões em razão do freio desregulado surgiram na Suíça, na Nova Zelândia e, agora, nos EUA.

Em artigo no New Zealand Herald, Mitchell Price, diretor de assuntos governamentais e de estratégia da Lime, descreve que o problema mecânico não é apenas perigoso, mas difícil de resolver. “Nossas equipes têm trabalhado sem parar para avaliar rigorosamente nossa frota, bem como para identificar a causa do problema e corrigi-lo rapidamente.”

Price afirma que a Lime contratou uma empresa de consultoria científica e engenharia multidisciplinar para encontrar a causa das falhas. Além disso, ele observa que a companhia trabalha com agências de proteção ao consumidor em todo o mundo, para garantir que seus dispositivos atendam a “expectativas de segurança rigorosas”.

O The Post relata que, depois de denunciar os patinetes, a Lime sofreu investigações da Comissão de Segurança de Produtos ao Consumidor dos EUA. A empresa continuava a alugar patinetes sem condições estruturais, apesar de receber avisos de mecânicos da empresa e outros trabalhadores, segundo funcionários da Lime.

Antes que a companhia reconhecesse publicamente o risco de incêndio em suas baterias, alguns colaboradores já levantavam preocupações internamente. Eles se perguntavam se a empresa fazia o suficiente para lidar com os riscos de segurança dos patinetes. Quem relata isso é um próprio mecânico da Lime ao The Post, em condição de anonimato, por medo de retaliação. Ele forneceu imagens de mensagens internas nas quais outros profissionais demonstram preocupação:

“Eu sinto que esses patinetes, ou o produto como um todo, devem ser retirados do mercado até que estejam seguros para manusear e operar”, escreveu um funcionário em uma sala de descanso dos mecânicos. “Eu entendo que os patinetes são descartáveis e substituíveis, mas estamos resignados a dizer o mesmo em nome sobre a segurança dos funcionários e dos clientes?”

No início deste mês, um estudante de intercâmbio de 21 anos da Irlanda morreu em uma ocorrência com um patinete da Lime. Embora nenhum registro oficial seja conhecido, uma contagem não oficial sugere que Mark Sands é, pelo menos, a terceira pessoa a morrer em um acidente com veículos de mobilidade elétrica.