Nas últimas semanas, o Google descobriu o maior esquema de fraudes em aplicativos já visto. A responsável pelo golpe foi a empresa We Purchase Apps, que comprou 125 aplicativos genéricos para Android e mudou suas bases de dados para diferentes países.

Por meio dos aplicativos, a empresa mapeou o comportamento dos usuários e, a partir disso, criou bots que imitavam ações dos indivíduos. A companhia lucrou cerca de 10 milhões de dólares com as propagandas que rodavam dentro dos aplicativos. A fraude foi descoberta pelos jornalistas do BuzzFeed News, que alertaram o Google, que na sequência removeu os aplicativos de sua loja.

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O bot é um robô virtual, um programa de computador, criado para automatizar procedimentos a fim de ajudar as pessoas com atividades repetitivas. Com o avanço da tecnologia, os bots passaram a aprender novos comandos, apenas por meio da análise da comunicação – oral e escrita.

Eles podem utilizar inteligência artificial e aprendizado de máquina para ‘entenderem’ o contexto da interação com a rede e os usuários e disparar comandos para que outras funcionalidades passem a operar.

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Os bots programados para analisar comportamento são sutis, mas captam de maneira ferrenha todos os detalhes, como localidades, ações, gostos, perfis similares, ideias e muitos outros dados. A partir dessa coleta, é possível que ele se torne um espelho das ações e indique para os hackers, ou até empresas, quais são as suas vulnerabilidades, a fim de ataca-los.

Há bots espalhados por toda a internet, com as mais variadas funções e aparências. Segundo pesquisadores das universidades do Sul da Califórnia e de Indiana, cerca de 29 milhões de usuários do Twitter são bots, o que corresponde de 9 a 15% dos usuários. Números semelhantes existem em todas as redes sociais, pois é muito difícil diferenciar a ação de um bot sofisticado da de um usuário comum.

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Existem verdadeiras fazendas de bots, que rodam em milhares de computadores e celulares comuns, ou virtualizados, e simulam ações de usuários. Eles podem influenciar preços de produtos em sites de leilão, votações feitas pela internet e opiniões em discussões em mídias sociais, por exemplo.

A automação existente em bots podem permitir que estes invadam dispositivos e automatizem o descobrimento de outros dispositivos também vulneráveis para que eles se juntem à uma rede de bots. Estes dispositivos podem ser computadores, celulares, roteadores, câmeras IP, televisões, e quaisquer dispositivos “IOT”.

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Empresas de tecnologia sofisticadas, como o Google e o Twitter são vítimas de bots, todos os dias. Na prática qualquer interação feita por meio de um equipamento utilizado por nós pode ser automatizada e controlada por redes de bots. Os programas e algoritmos já controlam boa parte da nossa vida, mas algumas vezes eles se aproveitam da nossa ignorância e podem se passar por nós mesmos.