Por Rui Maciel*

Eu cubro Tecnologia desde 2005. E também fui o primeiro jornalista brasileiro a fazer um review do iPhone e cobri todos os assuntos relacionados ao smartphone da Apple desde então. E posso garantir uma coisa: desde a chegada oficial do primeiro iPhone ao Brasil (o 3G em 2008, se não me falha a memória), nós discutimos o alto preço dele por aqui. E vamos ser honestos: esse assunto já perdeu a graça.

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As causas para isso nós também já sabemos de cor: altos impostos no Brasil, a gorda margem de lucro que a Apple tem em todos os seus produtos, o fato de os produtos da marca serem considerados “premium”, etc, etc, etc. São sempre as mesmas razões, sempre as mesmas reclamações (“Só no Brasil mesmo”, “Quem compra é trouxa”, “Não vale isso tudo”, blábláblá, Whyskas Sachê…). Em resumo: 10 anos dos mesmos motivos, das mesmas reclamações e das mesmas notícias de que os dispositivos da Maçã custarão um rim.

O fato é de que esse cenário não vai mudar tão cedo…se é que um dia mudará. Nem mesmo o iPhone SE, que foi concebido para ser um modelo popular do smartphone, chegou aqui a um preço módico. Logo, nós, da imprensa especializada, precisamos parar de transformar os valores dos produtos da Apple aqui no Brasil em uma notícia bombástica, que merece dias de discussão. No máximo uma notícia informando os valores e segue o baile.

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Talvez seja mais legal discutir como já faz um bom tempo que Apple deixou de inovar de verdade em sua linha de dispositivos móveis, incluindo os tablets. Claro que eles ainda são aparelhos de altíssima qualidade, referência no mercado e altamente lucrativos. Mas há tempos a empresa não apresenta aquela novidade de tirar o fôlego, em que nós ficamos semanas discutindo o seu impacto no setor e que fará todas as outras copiarem. Em resumo: com uma ou outra mudança cosmética aqui e ali, é quase sempre mais do mesmo.

Que tal nos focarmos em falar mais de smartphones – e tecnologias em geral – que estão dentro da realidade da maioria de nossos leitores e que farão, de fato, diferenças em suas vidas? Afinal, parafraseando Shakespeare: “Há muito mais entre o iPhone e o iPad do que supõe nossa vã filosofia”.

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*Rui Maciel é editor-chefe do Olhar Digital e já passou por diversos veículos especializados em Tecnologia, como WNews, Techguru, IDG, Softonic e AndroidPit.