Em uma década, acompanhei por volta de duas mil empresas em suas iniciativas de uso de Cloud Computing. No início, eram tímidas e periféricas. Em seguida, apareceram ambientes mais críticos até que, atualmente, mais da metade das empresas nos pedem para migrar toda sua infraestrutura de TI. E ainda nos pedem ajuda para criar ambientes que não tinham antes, extrapolam TI e começam a fazer sua Transformação Digital por meio de tecnologias como Data Analytics, AI, IoT e outras.
Não consigo citar sequer um cliente que não tenha colocado redução de custos como umas das ou a principal meta da decisão de ir para Cloud Computing. As expectativas são sempre altas quando a gente se depara com novas tecnologias. E aqui, diante do momento da economia brasileira e dos exageros que se falam por aí sobre Cloud, todo mundo espera uma miraculosa economia.
Sim, Cloud Computing vai te fazer economizar dinheiro. Mas não é do jeito que falam por aí. Pois Cloud é algo a ser analisado, planejado e criado. Se você continuar fazendo e pensando como o faz hoje, seu uso de Cloud terá estes vícios, premissas, fragilidades, custos e, possivelmente, vai ficar mais caro. Ou seja, pensar em Cloud como seu novo datacenter vai te trazer o pior de dois mundos: erros e gastos do passado misturados com os desafios da nova tecnologia e o risco da migração.
E transformar tudo, modernizar aplicações, planejar com detalhes microscópicos? Obviamente, traz um custo de mudança e um tempo que nossos orçamentos não toleram. Uma perda de oportunidades presentes apostando em um futuro que, francamente, poucos conseguem.
É hora de vitórias rápidas e resultados mensuráveis. Felizmente, achamos um método que consegue unir o que há de melhor nas duas abordagens, reduzindo custos, mitigando riscos com rapidez e controle. Exagero? Pura metodologia e uso maduro de tecnologias. Há uma década afirmo que a nuvem não eliminou a necessidade de seres humanos e, justamente, o que há de mais nobre é isto, utilizar esta tecnologia com inteligência e foco.
Em uma frase: migre rápido e transforme depois! Sejamos francos, hosting é lindo. Claro, cuidado com o excesso do conceito aqui, mas poder por um tempo (limitado) pensar em Cloud como um ambiente similar ao que você conhece traz enorme conforto, segurança e controle para o processo. A migração é trivial, rápida, barata e controlada. É só, fundamentalmente, criar o ambiente como uma réplica do que você tem hoje, migrar os dados e começar a usar. E monitorar tudo para se preparar para a segunda e definitiva etapa: munido de dados analíticos sobre infraestrutura, aplicação, elasticidade, segurança e custos, reveja completamente a arquitetura. Use o que Cloud realmente pode te entregar, reavalie suas premissas sobre redundância, disponibilidade, backup, armazenamento, micro e nano serviços. Desapegue.
Em duas etapas, tudo acontece no tempo certo. E com a economia que seu negócio precisa, porém com a renovação tecnológica mandatória para a Transformação Digital. Em outras palavras, vem trabalho bom pela frente para você e seu time, mas lembre-se de que há muita experiência no mercado, busque apoio em consultoria e gestão, o custo compensa imediatamente.
Que outros aprendizados merecem ser compartilhados para a redução de custos?
- Cuidado com o Lock-in. Estratégia muito comum no mundo de TI, que significa “trancar” um ambiente com um provedor por meio de tecnologias e contratos que barram sua mobilidade, inovação e comparação de preços e opções. Claro, é inevitável ter alguns compromissos reservando recursos – as Instâncias Reservadas, por exemplo – por um ou três anos, padrão no mercado. Faça isto após rigorosa análise de ROI e de planejamento de consumo no tempo. O barato pode sair caro.
- Opte por tecnologias que simplificam a gestão. Automação da gestão é fundamental, este é um “custo oculto” de Cloud que pode pesar mais do que a própria tecnologia. Kubernetes, tecnologias Serverless, DevOps e PaaS são algumas ideias que reduzem a intervenção humana, portanto reduzem custos e riscos. Mas não esqueça do item 1 acima, cuidado com o lock-in involuntário.
- Torneiras abertas. Uma má implementação de gestão, notadamente com DevOps, traz aumento de custos ao manter recursos desnecessariamente alocados. Servidores ligados sem uso ou armazenamento. A gestão de custos, de preferência com ferramentas específicas para isso, é mandatório.
E finalmente, a grande questão: reduzir custos é o que tornará seu negócio de fato bem sucedido? Estamos tratando de sobrevivência ou prosperidade? E se tecnologia ajudasse sua empresa a aumentar receitas? Afinal, se sua empresa usa tecnologia como apoio, a matemática é simples. Digamos que seu orçamento de tecnologia seja 5% da receita da empresa. Trazer uma expressiva economia de 40% vai significar, afinal, 2% da receita. Mas e se for possível aumentar as receitas com um entendimento maior de clientes, produtos, colaboradores e mercado? Isto pode significar um aumento de 20% de receitas, um número que vale a pena discutir. Chamamos isto de Transformação Digital.
Enfim, em um momento no qual nossos negócios precisam ser melhores, sair do óbvio e usar nossas habilidades intelectuais é o que vai fazer história.