O que esperar de 2017

A nossa prosperidade depende de fomentar e ter cada vez mais mercados livres, indivíduos livres e moeda sólida.
Redação02/01/2017 11h50

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Independentemente do que nos espera, é importante observar quais condições estão colocadas e o que elas sugerem como prováveis acontecimentos. Mesmo que não possamos afirmar que ocorrerão em 2017, ao menos será possível alguma precaução.

Foco nas condições e no que elas possibilitam que aconteça

Em primeiro lugar, o sistema financeiro baseado em moeda fiduciária, ou seja, lastreada em uma dívida a ser paga no futuro, por meio de títulos públicos, está se esgotando. Afinal, a própria fabricação da moeda gera uma dívida cada vez maior, o que torna o sistema impossível de perdurar indefinidamente. E seu fim parece cada vez mais próximo. Esse fim deverá acontecer a partir de uma hiperinflação de escala mundial, ou de um calote na dívida pública. Como a maioria dos políticos não é dada à verdade – dizem que não podem pagar a dívida –, é provável que em algum momento tenhamos algo parecido com o que aconteceu no Brasil na década de 1980, mas em escala global.

Na verdade, os ativos financeiros, títulos, ações, hipotecas, entre outros, estão incrivelmente inflacionados e já refletem essa situação. Portanto, em algum momento essa bolha deverá estourar. Caso isso não ocorra, teremos a economia em coma. Ou seja, não deixamos o livre mercado atuar, para se regular, mas também não voltaremos a crescer tão cedo. Como ocorre com o Japão há mais de duas décadas.

Isso significa que você deve tomar um cuidado enorme com seu dinheiro e com a avaliação das alternativas de investimentos.

Déjà-vu

Na verdade, tenho a impressão de que 2016 foi muito parecido com 1999. Naquele ano, todo mundo buscava investidores para empresas “ponto-com”, e aportavam-se valores em companhias que, na prática, não tinham fluxo de caixa. Quando 2000 chegou, essas empresas quebraram e levaram o mundo a uma crise que reverbera até hoje.

Recentemente fiz uma palestra para a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia). No intuito de ilustrar o momento atual, peguei as vendas de caminhões de grande porte nos Estados Unidos. O resultado foi que as vendas estão declinando para números abaixo daqueles observados em 1995.

Esse dado não seria alarmante, mas, observando sua periodicidade, é frequente sua queda acentuada indicar uma recessão iminente. Penso que, como a maior parte dos ativos financeiros no mundo é denominada em dólar e perderá valor, ou simplesmente desaparecerá, devemos enfrentar primeiro um período de deflação, semelhante ao que ocorre nos mercados de petróleo e commodities, antes de uma inflação ou possível hiperinflação.

Copiando Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais

No Brasil, as quebras do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e, agora, de Minas Gerais deverão acontecer em escala nacional. Portanto, a carreira pública deverá estar com sérios riscos à sua renda ao longo dos próximos anos. Assim como a renda dos aposentados. E isso deve perdurar até o ano de 2020, pelo menos.

Como os servidores públicos e os aposentados são responsáveis por boa parte da economia, a contração ainda deverá aprofundar-se.

Concentre-se em empresas, produtos e manutenção, e de baixo custo

Nesse cenário, concentrar-se em mercados, empresas e carreiras em setores de manutenção e de produtos e serviços de baixo custo, ou que reduzam os custos para companhias e indivíduos, é como os profissionais terão mais chances de encontrar renda.

Setores de reorientação profissional, requalificação de mão de obra, aconselhamento, entre outros, também estão favorecidos. Além disso, a demissão de profissionais mais antigos e sua substituição por pessoas mais novas vai demandar das empresas o treinamento de novos líderes.

É provável também que a economia das cidades menores seja incrementada com a mudança de pessoas dos grandes centros para elas. Afinal, o custo de vida nessas cidades é bem menor.

O Brasil é o melhor lugar do mundo para estar

A corrupção brasileira em escala industrial parece grande somente se você ignorar a corrupção americana, russa e chinesa, que ocorrem em escala bélica.

Temo que, a menos que Donald Trump retire a base americana de mísseis da Romênia, instalada por Obama, haverá uma evidente escalada da tensão mundial entre potências. E o Brasil ser distante desse palco é uma vantagem para nós.

Além disso, somos produtores de alimentos, e nossa agricultura continua a ser uma base de sucesso e solidez. Quanto menos o Estado atrapalhá-la, melhor.

Quando liberarmos o País para níveis de corrupção menores, abriremos uma imensa porta para a solução de diversos problemas. Ainda temos muito que investir em administração, que, a meu ver, continua a ser o maior problema. Afinal, o planejamento inexequível e a incapacidade administrativa são escandalosos na esfera pública.

Graças à crise, espero ver o tamanho do Estado reduzir-se drasticamente, para que os mercados possam respirar mais livremente.

Assim como sempre ocorreu na história da humanidade, a nossa prosperidade depende de fomentar e ter cada vez mais mercados livres, indivíduos livres e moeda sólida. Estamos muito longe disso. Há, portanto, muito trabalho a ser feito. Vamos fazê-lo!

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital