O próximo grande salto tecnológico passa pela sua casa

Produtos fáceis de instalar, controles basicamente feitos por meio de aplicativos gratuitos de celular e os preços dos objetos conectado
Liliane Nakagawa30/12/2019 02h30

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O termo Internet das Coisas foi criado em 1999 por Kevin Ashton, pesquisador britânico do Massachusetts Institute of Technology (MIT) só agora, 20 anos depois, essa tecnologia parece, de fato, chegar às casas dos consumidores brasileiros e demonstrar que veio para ficar e se popularizar. Um estudo da IDC mostra, por exemplo, que o segmento de IoT, somando todas as suas subverticais, já tem potencial para ultrapassar a marca de US$ 1 trilhão em investimentos no mundo até 2022 e que no Brasil a estimativa é crescer 20% a cada ano do mesmo período.

O maior aliado nesse processo todo de adaptação à Internet das Coisas está dentro de casa. Ou melhor, são as próprias casas. As chamadas Casas Inteligentes, um conceito de lar onde a conectividade de objetos promove segurança, conforto e entretenimento aos moradores de forma prática e integrada. É bem verdade, entretanto, que muita gente já tem ou conhece quem possua uma fechadura inteligente, uma smart câmera ou uma lâmpada conectada. Então, o que muda? Por que estamos falando de IoT agora?

Historicamente, tecnologias de segurança e automação residenciais estavam restritas ao mundo de projetistas, instaladores e integradores de soluções profissionais, que detinham o conhecimento técnico e o ferramental necessário para fazê-las funcionarem adequadamente. O acesso à população era bem restrito, pois, além de demandar auxílio profissional, os produtos eram muito caros. Esse cenário, porém, está mudando, e é o que motiva esse novo debate.

Já existem fabricantes focadas em democratizar a Internet das Coisas e o conceito de Casa Inteligente torna a experiência bastante simplificada. Os produtos são fáceis de instalar, os controles basicamente feitos por meio de aplicativos gratuitos de celular, os preços dos objetos conectados estão diminuindo, a penetração da internet nos domicílios é cada vez maior e o conhecimento popular a respeito da tecnologia torna sua popularização iminente.

São vários benefícios que essas novas tecnologias proporcionam, e a relevância de cada um deles depende do contexto e especificidades regionais. Nos EUA, por exemplo, o primeiro benefício que atraiu consumidores ao mundo de Casa Inteligente foi a possibilidade de controlar a temperatura de suas casas de onde estiverem, a qualquer momento, por meio de seus smartphones. Dispositivos como termostatos, que concentram o controle de calefação e outros sistemas de conforto térmico (GoogleNest e afins), alavancaram a categoria e trouxeram à tona as vantagens dos dispositivos IoT residenciais no país.

Já no Brasil, o maior benefício percebido em um primeiro momento é a segurança. Uma pesquisa realizada pela Positivo Tecnologia, por exemplo, revelou que essa é a preocupação de 80% da classe média brasileira. Uma casa inteligente será uma casa mais segura e os residentes conseguirão monitorar

tudo que acontece em seus lares a partir de qualquer lugar com Internet, por meio de sensores IoT ou câmeras que se conectam à nuvem.

A discussão a respeito dos prós e contras dessa evolução tecnológica é bastante ampla, mas os benefícios são cada vez mais evidentes. Além da praticidade e de todas as questões relacionadas à segurança e conforto, pessoalmente, o que mais fascina nesse novo cenário é o poder que as Casas Inteligentes têm de oferecer tempo às pessoas para que invistam no que realmente importa, naquilo que amam e que as fazem felizes. Com uma casa segura e automatizada, as pessoas podem aproveitar mais e melhor o tempo com seus filhos, amigos e entes queridos. Uma pesquisa realizada pelo Groupon (2016) indicou que 67% dos brasileiros sofrem com falta de tempo e não conseguem relaxar. Entre outros benefícios, a otimização de tempo e eficientização da rotina ganha cada vez mais espaço com a adoção massiva de tecnologia de IoT residencial.

Entre os que ainda têm um pé atrás em relação à Internet das Coisas, um argumento é bastante recorrente: a vulnerabilidade a ataques cibernéticos que podem expor a privacidade das pessoas. De fato, as primeiras soluções de IoT apresentaram certa fragilidade, que foram sendo mitigadas desde então com a evolução das tecnologias de cibersegurança. Atualmente, bons fabricantes de produtos conectados, tanto para o mercado doméstico quanto corporativo, contam com soluções robustas, à prova de hackers e ataques de indisponibilidade.

As novas tecnologias de segurança residencial e automação vão ajudar muito as pessoas a terem uma casa mais segura e uma rotina mais tranquila, mas representam apenas um apoio. Elas trazem grandes benefícios, principalmente, quando conjugadas com mudanças culturais e socioeconômicas e são peças fundamentais para proporcionar uma melhora na qualidade de vida da população de forma geral.

Os próximos passos deste mercado envolvem a adoção do mesmo conceito para outras categorias presentes no cotidiano das casas, como IoT para pets, soluções para cuidados de idosos e bebês, tecnologias vestíveis e adoção massiva de camadas da inteligência artificial. Os produtos de Casa Inteligente prometem revolucionar o quotidiano doméstico e o céu é o limite.

Liliane Nakagawa é editor(a) no Olhar Digital