Desde a Revolução Industrial, que começou na Europa no século XVIII, o mercado de trabalho passa por grandes mudanças. Motor à vapor. Máquinas de semear. Linhas de produção. Primeiros computadores. Primeiros robôs. Mais de 200 anos se passaram e o mesmo fantasma assombra a mente das pessoas: as máquinas irão roubar nossos empregos.

Um estudo desenvolvido pela Universidade de Oxford avaliou cerca de 700 ocupações. Metade delas corre o risco de ser extinta na próxima década por conta do uso da tecnologia das companhias. Saadia Zahidi, membro do Comitê Executivo do Fórum Econômico Mundial, em recente participação em um evento no Brasil trouxe o dado de que 47% dos empregos atuais estão sujeitos a acabarem pela automação.

São inúmeros os estudos e pesquisas que falam sobre a dominação da inovação tecnológica no mercado de trabalho. Mas, não, isso não significa que a força de trabalho humana irá acabar. Não são os empregos que estão em risco, são as tarefas. Por isso, é preciso ressignificar o trabalho.

Fomos educados na lógica da escassez com a certeza de que não há espaço e recursos para todos. Será que nosso medo não é uma consequência dessa visão escassa? Será que não podemos mudar nosso ponto de vista e trabalharmos com otimismo para a chegada da tecnologia? Podemos trabalharmos nossa visão na lógica da abundância.

A tecnologia, uma das responsáveis pelo processo de evolução da sociedade, impacta novos modelos e cultura organizacionais e traz consigo um novo paradigma para a gestão.

Embora máquinas e inteligências artificiais estejam tomando espaço, mesmo em meio à crise econômica, ainda é necessária a força humana para guiá-las. É neste cenário que as construções sociais de cada um são colocados à prova.

O mercado pede profissionais adaptados às novas tecnologias. Mas também pede que os profissionais trabalhem suas habilidades sociais para conviver em harmonia com todas essas inovações. É preciso uma jornada de reaprendizado para embasar as decisões que acompanham as transformações tecnológicas através de valores humanos.  Até porque o trabalho do futuro pode ter tarefas automatizadas, mas as skills humanas não desaparecerão da economia mundial.

Autonomia e eficiência para entender o poder de estruturas distribuídas e organizações em rede, que podem ser mais sustentáveis que estruturas centralizadas. Alinhar-se ao espírito do nosso tempo com foco em cultura, criatividade, inovação, gestão e liderança. Olhar para dentro através do autoconhecimento, trabalhando para a alta performance. Criar uma cultura mais voltada para confiança, mais diversa, mais empática. Trabalhar o senso de colaboração e flexibilidade para aprender coisas novas.

Nossa tarefa a partir da Revolução Tecnológica é preparar as pessoas para uma fusão de sua tecnologia humana à tecnologia das máquinas. É ressignificar o trabalho humano e direcionar a nova revolução. Nós também precisamos de um update no nosso sistema.

E como a tecnologia parte daquilo que é humano, ela pode potencializar a própria humanidade. O futuro tecnológico também será feito à mão.