O século XXI ficará marcado nos livros de história como “a era do Google”. Talvez não com essas palavras, é claro, mas a onipresença e onisciência do buscador criado em 1998 e que hoje está ao alcance de quase qualquer pessoa com acesso à internet é certamente digna de lembrança.

Os estudantes de hoje não fazem mais trabalhos de escola como seus pais ou avós. Não é mais necessário viver na ignorância ou passar horas dentro de uma biblioteca procurando informações, notícias ou o mais puro aprendizado. No dicionário norte-americano, “Google” já virou um verbo, enquanto, no Brasil, a expressão “joga no Google” é tão popular quanto qualquer velho ditado.

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Cada vez mais entregamos nossas informações pessoais a ele, cada vez mais deixamos que ele saiba de tudo e cada vez mais procuramos por ele para saber mais sobre lugares, pessoas, fatos e histórias. Ainda assim, nosso relacionamento com o Google continua marcado por muita desconfiança.

Afinal, muitas são as pessoas que não se sentem nada confortáveis diante da quantidade de informações que o Google monopoliza a respeito dos usuários. Só de imaginar que a empresa tem registrada a nossa voz, nossas fotos, os lugares por onde andamos e o que temos feito recentemente, é quase impossível evitar o desconforto.

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Diante disso, a empresa tem se esforçado cada vez mais nos últimos anos para passar mais confiança aos usuários. Hoje o Google permite que você controle tudo o que ele sabe a seu respeito, mudou o logotipo para ficar mais “amigável” aos olhos humanos e, mais recentemente, criou o Google Assistant.

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Assim como a Siri, da Apple, e a Cortana, da Microsoft, o Google Assistant é uma inteligência artificial programada para fazer de tudo pelo usuário apenas obedecendo a comandos de voz. Usando técnicas de machine learning (aprendizado de máquina, em tradução livre), o software aprende a falar como pessoas normais, interpretando contextos, gírias e outros maneirismos da linguagem coloquial.

O Assistant já funciona com o Google Allo, novo app de mensagens da empresa, e foi anunciado nesta quarta como 100% operacional dentro do Pixel, novo smartphone da marca. Mais do que um buscador por comandos de voz, como o Google Now, o Assistant quer conversar com o usuário de uma forma que a empresa nunca conseguiu antes.

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A ideia é que você deixe de fazer pesquisas como “receita de macarrão”, mas, em vez disso, diga em voz alta: “Ok, Google, me mostre receitas para o jantar”. O Google não quer que você navegue pela interface do PC ou do celular para conferir sua agenda, mas que você apenas pergunte a ele: “o que eu tenho para fazer hoje?”.

O que o Google mostrou em seu evento desta quarta foi um sistema que não só entende o que você diz, mas também como e por que você disse. Conversou com um amigo sobre ir ao cinema? Pergunte ao Google quais filmes estão em exibição sem sair do app de mensagens. Foi convidada para um jantar num restaurante italiano? Peça ao Google que reserve uma mesa para você.

Esse tipo de linguagem natural é o que desafia empresas como Google, Apple e Microsoft a criar sistemas de inteligência artificial cada vez mais “humanos”. O objetivo de programas como o Assistant é que você, usuário, veja o seu smartphone como um ser inteligente, capaz de entender o que você diz sem que você precise falar pausadamente e apenas palavras-chave como se fosse um robô.

Aproximar o usuário da máquina permitirá que as pessoas deixem de ver o Google como uma entidade corporativa do mal, que guarda todos os seus segredos e pode te comprometer a qualquer momento. Em vez disso, ele quer que você o veja como um amigo, um assistente, uma conexão 24 horas por dia com todo o conhecimento já produzido pela humanidade que se encontra na internet.

Especialmente com esforços como o Google Assistant e o Google Home (dispositivo que reúne tudo sobre os dispositivos conectados na sua casa), o que o Google quer é fazer cada vez mais parte das nossas vidas, nos mínimos detalhes, e eliminar de vez as distâncias que nos separam do que queremos saber e fazer. Seja lá onde isso vai parar.