Novo chip japonês resolve em um segundo problema que levaria 1.200 anos

Componente desenvolvido na Universidade de Ciências de Tóquio consegue resolver instantaneamente problemas de otimização combinatória com até 22 elementos
Rafael Rigues24/01/2020 12h41, atualizada em 24/01/2020 12h44

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Você pode nunca ter ouvido falar nele, mas o “problema do caixeiro viajante” é um clássico da computação: “dado um número de cidades, como encontrar o caminho mais curto que passe por todas elas?”. Pode parecer um exercício fútil, mas é um exemplo de otimização combinatória, algo fundamental no cálculo de rotas no trânsito, análise molecular de medicamentos, análise de portfolios financeiros em busca de investimentos com o maior retorno e menor risco, e outros cenários onde vários parâmetros, e a interação entre eles, deve ser considerada.

Quanto maior o número de elementos (ou cidades, no exemplo acima) a serem considerados, mais tempo de computação é necessário para chegar a uma solução ideal. É por isso que um novo chip, desenvolvido por pesquisadores do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de Ciências de Tóquio, no Japão, está chamando a atenção.

De acordo com o professor Takayuki Kawahara, líder da equipe, o novo chip consegue calcular uma solução para 22 cidades instantaneamente, algo que em um processador tradicional “de alto desempenho” levaria 1.200 anos.

Pesquisadores vem há tempo estudando soluções para o problema usando circuitos integrados. Entretanto, elas exigiam pré-processamento e o número de componentes (e tempo) necessários para entrada dos dados aumentava de acordo com a escala do problema. Por isso, técnicas já existentes conseguiam encontrar uma solução para no máximo 16 elementos.

O que a equipe do Professor Kawahara fez foi rearranjar os elementos do circuito, de forma que a quantidade de “células” necessárias para armazenar cada estado possível, e o tempo necessário para o cálculo, fossem drasticamente reduzidos.

Os autores apresentaram seus resultados na 18ª edição do Simpósio Mundial para Inteligência de Máquina Aplicada e Informática (SAMI 2020). Eles esperam que, no futuro, sua solução possa ser usada em sistemas de alto desempenho e baixo consumo de energia, para facilitar a descoberta de soluções ótimas para grandes números de combinações.

Fonte: Tokyo University of Science

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital