Em meio a crescente suspeita internacional de espionafgem por parte de empresas de tecnologia da China, um novo relatório sugere que o governo chinês poderia estar por trás do roubo de segredos corporativos da ASML, empresa de equipamentos usados na fabricação de chips. De acordo com jornal holandês Financieele Dagblad, funcionários da XTAL, que estão baseados em uma filial da empresa na Califórnia, roubaram informações para o estado chinês, com o qual tem vínculo. 

Contudo, Peter Wennink, CEO da ASML descreveu o caso como uma mera “teoria da conspiração”. “Os fatos são que fomos roubados por um punhado de funcionários do Vale do Silício, que quebraram a lei para enriquecer”, disse ele. Wennick ainda ressaltou que “alguns dos indivíduos eram chineses, mas indivíduos de outras nações também estavam envolvidos”.

A razão para inocentar a China no caso, provavelmente está conectada ao fato de que o país oriental contribui substancialmente para os negócios da ASML. Ano passado, a empresa fez cerca de 1,9 bilhão de dólares na China, de um total de 10,8 bilhões de vendas líquidas no total de 2018. 

Mas nem todos concordam com o posicionamento da empresa. O novo caso, com certeza, serviu para aumentar o alarme com a espionagem chinesa dentro da Europa. Recentemente, vários líderes europeus, incluindo o primeiro-ministro holandês Mark Rutte e o presidente francês Emmanuel Macron, pediram uma relação mais realista e menos ingênua com a China.

O professor de política internacional na Universidade de Bruxelas, Jonathan Holslag, confirmou que não é o primeiro incidente deste tipo. Em geral, os países europeus demoram muito tempo para entender a magnitude do problema de espionagem industrial chinesa. Eles estão mais inclinados a ignorá-lo e priorizar as oportunidades de negócios”, disse o professor, que, também, escreveu vários livros sobre a China.

Uma das consequências da desconfiança pode ser vista nas novas regras de investimento na União Europeia que entraram em atuação em abril. Apesar de não discriminar a nacionalidade do investidor, algumas de suas proibições se sobrepõe a pontos principais de investimentos chineses, conforme analisou o Instituto Mercador para Estudos sobre a China (MERICS).

O professor Hoslag, porém, não acredita que regras sejam suficientes para controlar a situação. Para ele, são necessários mais recursos para analisar as empresas estrangeiras a fundo. Esses custos podem ser problemáticos, especialmente para países europeus menores, acrescenta.

E, sem dúvida, este último fator levanta muitas preocupações dos analistas sobre os pequenos Estados do leste europeu, principalmente depois da visita do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, na Croácia para uma cúpula UE-Pequim. 

A própria Alemanha debate aumentar a coleta de informações sobre a China, como sugere um projeto de lei. A Alemanha também já aumentou as especificações de segurança para as fabricantes que querem vender sua infraestrututra de 5G, depois de alertas dos Estados Unidos sobre a Huawei. Porém, o país ainda não parece ter intenções de bloquear a empresa de smartphones chinesa no continente. 

Com tudo isso, fica claro que, apesar da cúpula UE-Pequim ter sido, aparentemente, um sucesso, a desconfiança em relação às intenções chinesas continua crescendo graças aos casos recorrentes de roubo de informações e isso pode significar um grande retrocesso na relação entre a Europa e a China. 

Via: ZDNet