Robô aspirador pode se transformar em aparelho de espionagem

Ataque usa o sensor Lidar do eletrodoméstico para mapear as vibrações causadas pelas ondas sonoras em objetos num ambiente, que podem ser transformadas em som
Rafael Rigues19/11/2020 19h28

20190912060850

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Maryland (EUA) e da Universidade Nacional de Singapura desenvolveu uma forma engenhosa de implantar uma escuta em um ambiente sem chamar a atenção: usando um aspirador de pó robótico.

Estes equipamentos tem um sensor chamado Lidar, uma espécie de “radar laser” que é usado para fazer um mapa tridimensional de um ambiente. Os cientistas adaptaram uma técnica usada pela CIA durante a Guerra Fria, quando espiões apontavam um Laser para uma janela e analisavam as distorções no reflexo para reconstruir as ondas sonoras e ouvir as conversas.

O problema é que um Lidar se move constantemente, “varrendo” o ambiente, em vez de ficar apontado para um ponto fixo. Para resolver o problema os pesquisadores modificaram o firmware de um aspirador da Xiaomi chamado Roborock, para permitir que ele seja focado em um único ponto, como uma lata de lixo, de onde pode captar as vibrações causadas pelas ondas sonoras.

Como o Lidar de um aspirador de pó é fraco, os dados coletados tem que ser enviados para um servidor remoto, onde o sinal pode ser processado e amplificado até que seja compreensível por um observador humano. Os pesquisadores afirmam que conseguiram gravar e obter dados “com 90% de precisão” usando o sensor do aparelho da Xiaomi.

Reprodução

Diagrama do ataque LidarPhone, que usa um aspirador de pó robótico para monitorar um ambiente. Imagem: Reprodução

O ataque, batizado de LidarPhone (combinação de Lidar e “Microphone”) foi testado em múltiplos objetos, variando a distância entre eles e o robô, bem como a distância entre a origem do som e o objeto.

Segundo os pesquisadores, a técnica poderia ser usada para indentificar o gênero dos participantes de uma conversa, ou até mesmo descobrir sua orientação política analisando a trilha sonora dos noticiários em uma TV ligada.

Mas os proprietários de robôs domésticos não precisam se preocupar. O LidarPhone, por enquanto, existe apenas no meio acadêmico, e para ter sucesso depende de uma série de pré-requisitos que seriam impraticáveis no mundo real.

A pesquisa pode, entretanto, ser útil para os fabricantes dos robôs, que poderão adotar medidas para impedir o ataque. Uma delas, sugerida pelos pesquisadores, é bastante simples: desativar o Lidar se ele não estiver girando.

Fonte: ZDNet

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital