Nova tecnologia do Wi-Fi quer acabar com quase todos os cabos da sua casa

Renato Santino15/12/2016 20h28, atualizada em 15/12/2016 20h40

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Nos próximos meses, começaremos a ver uma nova leva de produtos compatíveis com a tecnologia 802.11ad do Wi-Fi. Celulares, notebooks, roteadores, TVs conectadas e basicamente tudo que de alguma forma pode aproveitar o Wi-Fi começará a receber o novo padrão. Mas, afinal de contas, o que isso significa?

O padrão AD do Wi-Fi vem para substituir a tecnologia AC, em vigor há três anos. A superioridade vem em forma de velocidade: o novo padrão oferece velocidades teóricas de até 4.600 megabits por segundo, o que é quatro vezes mais do que a tecnologia vigente atualmente. Isso significa que as novas redes sem fio superarão também com folga, pelo menos no campo teórico, as limitações do padrão de Ethernet gigabit, embora a prática nunca corresponda exatamente ao que se vê no dia a dia.

Essa alta velocidade, que rende à nova tecnologia o apelido de WiGig, eliminaria qualquer gargalo nas transmissões sem fio dentro da sua casa. Quer assistir a streaming em 4K em HDR com pouca compressão? Você pode. Afinal de contas, até os Blu-Rays 4K de hoje em dia estão limitados a um bitrate de 128 Mbps, o que está bem longe de alcançar o limite do novo padrão do Wi-Fi.

No entanto, o Wi-Fi tem uma peculiaridade. Para alcançar essas altas velocidades, ele usa uma frequência de rádio muito alta, de 60 GHz. Para comparação, os canais atuais do padrão 802.11ac são de 2,4 GHz e 5 GHz.

O que a frequência maior significa? Menos interferência de outros sinais e desempenho máximo, mas também um menor alcance. Via de regra, quanto maior a frequência da onda de rádio, menor é a distância máxima que o sinal pode alcançar. Assim, a tecnologia é recomendada para aparelhos conectados no mesmo cômodo do roteador, já que a alta frequência também dificulta bastante a transmissão de dados através de paredes ou portas.

Isso também explica por que a banda de 5 GHz não substituiu totalmente a de 2,4 GHz com a chegada do padrão AC. Afinal de contas, apesar de apresentar melhores velocidades, o alcance da rede de 5 GHz é menor do que o de 2,4 GHz, e isso pode fazer grande diferença para alguns usuários que têm o roteador longe dos dispositivos a ele conectados. O WiGig também deverá coexistir com essas outras duas frequências, e não substitui-las.

Isso não significa que o novo Wi-Fi será totalmente inútil, no entanto. O WiGig foi projetado inicialmente para ser um substituto dos cabos. A ideia é que ele seja incorporado a TVs, por exemplo, que podem receber vídeos em 4K sem precisar de um fio ligando o aparelho à fonte do vídeo. Também é possível imaginar um HD portátil fazendo backups quase instantâneos de grandes arquivos. Até mesmo o seu monitor poderia passar a funcionar sem um fio ligando-o ao computador.

O único problema dessa ideia de usar o WiGig para substituir fios é que ainda não há uma maneira eficiente de distribuir energia elétrica sem cabos por uma residência. Então, um cabo ainda será necessário, mas pelo menos aquele “ninho de rato” atrás de TVs estará resolvido.

Via Ars Technica

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital