Neuralink: implante cerebral gera controvérsia entre neurocientistas

Expectativa é que o chip projetado pela empresa de Elon Musk ajude a tratar doenças desde depressão até perda de memória
Redação07/09/2020 21h24, atualizada em 08/09/2020 14h20

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Em 28 de agosto, Elon Musk apresentou uma das suas mais novas apostas no mundo da tecnologia. A Neuralink, mais uma empresa sob o domínio do bilionário, projetou um chip para ser implantado em cérebros humanos e servir como interface com máquinas. A tecnologia, que ainda está em fase de testes, foi demonstrada em porcos em um evento transmitido ao vivo pela internet, e gerou muita polêmica e controvérsias entre neurocientistas e pesquisadores.

O “link”, como tem sido chamado o implante, é um chip fabricado pela Neuralink de 22 milímetros de largura por 7 milímetros de altura. O dispositivo conta com bateria de 12 horas de autonomia. A proposta é que o chip  colete informações neurais do indivíduo para serem usadas na medicina. A demonstração em tempo real do último dia 28 exibiu em uma tela a atividade cerebral de um porco em movimento.

Musk, que chamou o chip de fitbit no crânio com pequenos fios“, afirma que a tecnologia tem aplicação médica, facilitando o tratamento de doenças como depressão, perda de memória, convulsões, entre outras.

Parte da comunidade científica presente na demonstração ficou animada com os resultados da pesquisa. O professor de psicologia, neurociência e biologia do Instituto de Tecnologia da Califórnia, Ralph Adolphs, por exemplo, afirmou que o anúncio do Neuralink foi “tremendamente empolgante” e “uma grande conquista técnica”.

Por outro lado, nem todos demonstraram entusiasmo. Além de ter desagradado os defensores dos direitos dos animais, como a organização PETA (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais), alguns pesquisadores levantaram outras questões acerca do link. É o caso do médico e cientista da MindMaze e professor de neurologia na Universidade Johns Hopkins, John Krakauer. Para ele, a visão de Elon Musk ainda está longe da realidade.

“O dispositivo que vimos foi colocado sobre uma única área sensório-motora. Se quisermos ler pensamentos em vez de movimentos, onde vamos colocá-los? Quantos [implantes] vamos precisar? Como evitar que o couro cabeludo seja cravejado deles? Nenhuma menção a nada disso, é claro”, argumentou Krakauer.

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Exemplo de como seria a aplicação do chip da Neuralink em crânio humano. Créditos: Neuralink/Reprodução

Andrew Jackson, professor de interfaces neurais da Universidade de Newcastle é um dos pesquisadores que não ficaram impressionados com o show da Neuralink. Em entrevista Science Media Center ele explica que a transmissão de dados neurais por meio de uma tecnologia sem fio é a grande inovação, porém o que pode ser feito a partir dessa coleta de dados não foi apresentado. “As manifestações foram bastante desanimadoras a este respeito e não mostraram nada que não tivesse sido feito antes.”

Via: Futurism

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital