Netflix pode perder The Office e Friends. E é bom ligar o sinal de alerta

Plataforma acredita que seu conteúdo original é suficiente para manter os clientes interessados em seu conteúdo. Mas os números mostram outro cenário
Redação25/04/2019 00h37, atualizada em 25/04/2019 00h55

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“The Office” é a atração mais popular da Netflix, apesar de não estar disponível no catálogo brasileiro. E pode ser que, em breve, a plataforma fique sem ela. Isso porque, a dona dos direitos, NBCUniversal, a licenciou para a Netflix há alguns anos, mas, agora, que pretende lançar seu próprio serviço, já discussões internas em andamento para que o programa seja removido da Netflix quando o contrato vencer, em 2021.

E é provável que essa não seja sua única perda. Três de seus maiores fornecedores — além da NBCUniversal, a WarnerMedia e a Walt Disney são provedoras de conteúdo e representam quase 40% da audiência da Netflix — já anunciaram que estão desenvolvendo plataformas de streaming. E, obviamente, vão querer ter sua programação disponível em suas vitrines virtuais.

Reed Hastings, o CEO da empresa, disse que a companhia já espera, há algum tempo, perder parte de seu conteúdo. “Estamos preparados para isso e, na verdade, ansiosos para ter mais dinheiro para produzir nossos próprios títulos.” Ted Sarandos, responsável pelo conteúdo da plataforma, diz que o tempo de audiência dos originais continua a crescer.

Mas o cenário pode não ser tão receptivo quanto os executivos da plataforma de streaming esperam.

Números mostram que o conteúdo original não é a salvação. Pelo menos por enquanto

Os números mostram o quão significativas são as perdas de conteúdo de terceiros para a Netflix. De acordo com pesquisa da Nielsen, feita durante 12 meses, usuários da plataforma assistiram a The Office por 45,8 bilhões de minutos. A reportagem do WSJ ainda aponta que 8 das 10 séries mais assistidas na plataforma são reprises de antigas produções não-originais queridinhas do público, como Parks and RecreationFriends e, claro, The Office.

De fato, existe um perigo real para a Netflix aqui. E o investimento em séries originais viria para tentar compensar a perda de conteúdo de terceiros, à medida que as empresas transferem suas produções licenciadas para seus próprios serviços. A companhia vem fazendo um belo trabalho nesse sentido, com Stranger ThingsBlack Mirror e muitas outras séries. Mas isso pode não ser suficiente.

Segundo o WSJ: “Embora a Netflix tenha polido sua marca com uma enxurrada de programas originais como Stranger Things e The Crown, a programação não-original compõe 72% dos minutos que as pessoas passaram assistindo Netflix a partir de outubro, de acordo com os dados da [consultoria de pesquisas] Nielsen. Isso significa reprises, e a maioria delas é feita pelos rivais da companhia.”

Dados internos da empresa mostram que a programação original (e todo o burburinho que ela gera) impulsiona novas assinaturas. No entanto, como visto, os originais da Netflix não dão um grande up nas visualizações e na audiência. A gigante de streaming precisa do maior número possível de programas retrô para manter seus assinantes por perto. E o contexto explica por que a Netflix está prestes a entrar no que pode ser um dos períodos mais precários da sua história.

A companhia tem, hoje, perto de 149 milhões de clientes e deve investir algo como US$ 12 bilhões na produção de conteúdo nos próximos anos. Para continuar nesse processo, a empresa está vendendo parte de seus papeis para levantar US$ 2 bilhões e manter o desenvolvimento das atrações que levam a sua marca.

No entanto, o fato da gigante de streaming estar perto de perder um dos seus mais populares títulos não-originais certamente não vai deixar essa tarefa nada fácil. A não ser que ela emende uma série de acertos em suas produções originais nos próximos meses, o cenário ficar sombrio.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital