Você assina Netflix e compartilha sua senha com amigos ou parentes? Ou usa a senha de alguém que assina o serviço e divide a conta no fim do mês? Pode ser por conta dessa prática que a Netflix deixa de ganhar mais de US$ 300 milhões (ou mais de R$ 950 milhões) por ano.
O número foi calculado pelo site Quartz com base numa recente pesquisa conduzida pela Reuters. A agência de notícias divulgou que 12% das pessoas que usam algum serviço de streaming, como a Netflix, nos EUA, compartilham a senha com outras pessoas do mesmo núcleo familiar.
Já um outro levantamento, este feito pelo Grupo de Pesquisa Leichtman, diz que 54% dos adultos norte-americanos contam com Netflix em casa. E de acordo com dados do site Statista, há 126 milhões de lares nos EUA. Ou seja, se esses números forem precisos, quase 68 milhões de casas possuem Netflix na terra do Tio Sam.
Com base no levantamento da Reuters de que 12% dos americanos, individualmente, dividem a senha da Netflix, o Quartz então reduziu esse número pela metade para encaixá-lo ao número de casas americanas com Netflix – ou seja, 6% dessa audiência, ou 4 milhões de lares.
Se essas casas deixassem de dividir a mesma senha da Netflix e cada indivíduo assinasse o próprio plano, considerando o mais barato de todos, que nos EUA custa US$ 7,99 por mês, então a empresa de streaming faria, pelo menos, mais US$ 391 milhões por ano, de acordo com os cálculos do Quartz, somente nos EUA.
Mas será que existe a possibilidade de que a Netflix comece a proibir o compartilhamento de senhas? A própria empresa já deixou claro inúmeras vezes que não pretende proibir essa prática e até a incentiva entre usuários. Muitos serviços concorrentes, como o HBO Go, nos EUA, também dão aval para esse comportamento.
Mas um fator importante pode fazer a Netflix mudar de ideia no futuro. Nos últimos anos, a empresa chegou a crescer mais de 20% ano-a-ano, e num ritmo constante. Há sinais no mercado, de acordo com alguns analistas, de que em breve a companhia chegará a um ponto de saturação e comece a parar de crescer tanto – talvez até comece a registrar prejuízo se não diversificar sua fonte de renda.
De qualquer forma, caberia à Netflix decidir se vale a pena criar um “mal-estar” com seus clientes obrigando-os a parar de dividir as senhas para conseguir esses US$ 390 milhões a mais ou não. Isso se todas as pessoas que compartilham a senha do serviço achassem vantajoso assiná-lo se essa prática fosse proibida.
Sem falar no obstáculo técnico: afinal, como a Netflix poderia impedir que uma pessoa desse sua senha para outra acessar o catálogo de filmes e séries em outro dispositivo? De qualquer maneira, a figura de US$ 390 milhões (que ainda é uma aposta otimista, segundo o Quartz) vale pela curiosidade.