Embora já tenha passado a semana com o máximo número de casos e óbitos pelo novo coronavírus, nenhum estado brasileiro apresentou sinais de uma redução da transmissão da Covid-19. É o que aponta análise feita por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgada na quinta-feira (25).

E mais, segundo os cientistas, este cenário configura uma espécie de platô, que corresponderia a um patamar alto de transmissão, podendo se prolongar por um período indefinido.

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“A diminuição dos atendimentos de casos graves e, consequentemente, o aumento da disponibilidade de leitos de UTI é um dos critérios que devem ser considerados para se adotar medidas de relaxamento, mas não o único. O comportamento das curvas de casos e óbitos, o ritmo e a tendência do contágio, além de expansão da capacidade de testagem para identificar casos e isolar e rastrear os contatos devem ser considerados como alicerces para a retomada das atividades econômicas”, declarou a Fiocruz.

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Movimento nas ruas de SP cresceu com a reabertura do comércio e de shoppings. Foto: Amanda Perobelli

A análise foi feita com base na concentração de casos de Covid-19 nas primeiras 24 semanas epidemiológicas de cada estado brasileiro. Nesta amostra, foram identificadas e comparadas tendências entre capitais e municípios sobre a propagação e incidência do Sars-Cov-2.

Foi possível observar que os estados de Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia e Sergipe apresentaram a semana 24 como a de maior concentração de casos até o momento. Assim, a epidemia nessas regiões ainda está em processo de ascensão, com um elevado número de pacientes infectados.

O estudo reitera os riscos das grandes metrópoles brasileiras em adotar políticas de reabertura econômica e flexibilização do isolamento social neste contexto. Vale lembrar que o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, pretende anunciar nesta sexta-feira (26) um plano de reabertura gradual da economia na capital, que possibilita a reabertura de bares e restaurantes. 

Interiorização da pandemia

A expansão da pandemia nos municípios do interior de cada estado é outro problema indicado pelos pesquisadores. Isso é preocupante em razão da deficiência de recursos físicos e humanos de saúde nesses locais.

Ao analisar os dados do Amazonas, por exemplo, os cientistas notaram que a maior concentração de óbitos ocorreu na semana epidemiológica 19. Por outro lado, o estado apresentou um avanço na escalada de casos na semana 22. Segundo o estudo, isso pode estar associado ao processo de interiorização da pandemia, tendo como consequência o aumento da curva de mortes pela doença nas próximas semanas.

“O que acontece na região metropolitana se repete no interior com duas ou três semanas de atraso. Por isso é importante manter as medidas de isolamento, mesmo depois de passado o ‘pico’ nas capitais”, ressaltou o epidemiologista Francisco Xavier, em comunicado.

 

Via: O Globo