Navio autônomo com missão de cruzar o Atlântico pode mudar o mundo

Travessia do navio de superfície não tripulado chamado Maxlimer pode abrir caminho para uma nova geração de embarcações autônomas, reduzindo custos e emissão de carbono
Redação26/08/2019 20h42, atualizada em 26/08/2019 21h30

20190826055832

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

O navio Maxlimer, com apenas 12 metros de comprimento, listras brancas e amarelas balançando na costa do Reino Unido, à primeira vista parece só mais uma embarcação. Mas tamanho não é documento; e a máquina pode ser o veículo marítimo mais importante do mundo atualmente. O Maxlimer está pronto para se tornar a primeira embarcação de superfície não tripulada, ou USV, a atravessar o Oceano Atlântico. A viagem pode dar largada a uma série de inovações oceânicas: navios cargueiros sem tripulação; petroleiros não tripulados e lanchas robóticas, por exemplo.

Maxlimer é totalmente robótico e autônomo. A embarcação foi desenvolvida pela SEA-KIT, uma empresa de tecnologia marítima da Inglaterra. Mirando em contratos potencialmente lucrativos de apoio à exploração de petróleo e gás no mar (offshore), o objetivo da companhia era produzir um navio flexível, mais barato e seguro do que os as plataformas de extração tripuladas.

Sem a necessidade de suportar uma tripulação humana, um navio USV robótico pode dedicar mais espaço e capacidade aos próprios equipamentos que o constitui. Além disso, como não precisa lidar com fatores humanos, como fome, cansaço ou doença, pode navegar a uma velocidade de 13 quilômetros por hora por, potencialmente, nove meses seguidos. “Ele é robusto, adaptável e tem um alcance enorme”, disse o diretor da SEA-KIT, Ben Simpson. O navio pode transportar até 2,5 toneladas de carga útil.

O navio robótico também é barato. “As embarcações da SEA-KIT usam menos de cinco por cento do combustível necessário para operar um navio oceânico padrão”, disse o diretor de operações da SEA-KIT, Neil Tinmouth, ao portal The Daily Beast. Tinmouth acrescenta que a invenção é “um divisor de águas quando se trata da pegada de carbono e do impacto ambiental dessas operações”.

O Maxlimer é controlado remotamente por um controlador humano que comanda o navio do porto via rádio. No oceano aberto, o veículo segue de forma autônoma os sinais gerados por um GPS e transmite dados em tempo real por meio de múltiplos links de satélite. O sistema eletrônico para controle remoto foi fornecido por uma empresa de segurança norueguesa. A máquina foi lançada em 2017 e passou por testes ao longo dos últimos dois anos que mostraram resultados animadores.

Em maio passado, a embarcação autônoma fez uma rápida viagem de carga entre a Inglaterra e a Bélgica, transportando ostras e cerveja. Depois, o navio-robô partiu para a Noruega, o que Tinmouth descreveu como “primeira inspeção de oleoduto no mar comercial totalmente não tripulada” usando sensores de bordo e um pequeno drone submarino. “As missões permitiram que nossa equipe em terra operasse e testasse a embarcação em vários cenários e estados do mar, tanto de dia quanto de noite”, explicou Tinmouth ao Daily Beast.

Agora, a empresa prepara o USV para a desafiadora travessia no Atlântico, que deve durar por volta de 30 dias, prevista para dar início no primeiro semestre de 2020. Com o Maxlimer completando com sucesso a viagem, a SEA-KIT pretende começar a expandir a tecnologia, pensando em desenvolver “um USV maior e com recursos adicionais”.

A curto prazo, a SEA-KIT foca suas pesquisas e tecnologias no mercado de energia: realização de levantamentos oceânicos, apoio a plataformas de petróleo e gás e turbinas eólicas e inspeção de oleodutos. Indo além disso, os navios autônomos têm outros usos potenciais.

A Marinha dos Estados Unidos (EUA) e várias outras frotas navais líderes, por exemplo, já experimentam navios de guerra não tripulados. De forma ampla, a indústria de transporte marítimo – empresas que operam milhares de navios que transportam a maior parte da produção mundial – está, a passos lentes, recorrendo à ideia de embarcações cada vez mais autônomas. A Administração Marítima dos EUA (Marad, na sigla em inglês) também “não vê um salto para a autonomia total tão breve”, informou o governo norte-americano ao Daily Beast.

Por outro lado, há pelo menos um trabalho que a Marad gostaria de atribuir totalmente aos robôs: a limpeza de derramamento de óleo no mar. “Uma área de derramamento marítimo pode ser um ambiente perigoso para as pessoas, [porque] pode haver potencial para incêndio/explosões, e um ser humano operando uma embarcação em uma área de derramamento pode ficar exposto a substâncias químicas perigosas ao inalar fumaça tóxica”, explicou a agência. Por isso, a Administração defende que retirar humanos desses ambientes permitindo a operação remota da plataforma de extração pode ser muito mais seguro.

Com esse objetivo, a Marad e a SEA-KIT fecharam parceria para desenvolver uma embarcação robótica para limpeza de óleo no mar. Navios parcial ou totalmente autônomos deverão funcionar rigorosamente bem para que o órgão regulador os aprove. “Todo avanço em direção à autonomia deve aumentar a segurança, caso contrário, a Marad não será a favor disso”, afirmou o governo dos EUA.

Via: The Daily Beast

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital