Não crie inimigos

O pior que uma empresa ou um profissional pode fazer para si é criar inimigos
Redação13/11/2015 14h01

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Reprodução

Em uma reunião, perguntei a um executivo o que ele faria com uma de suas principais clientes, que era uma empresa envolvida em fraude. Para minha surpresa, a resposta foi: “Bem feito!”

Questionei se isso não iria afetar seu faturamento. Ele disse que sim, mas que era importante que esse seu cliente não se desse bem em algum momento, para deixar de ser arrogante.

Então, ele esclareceu que várias áreas dessa companhia respondiam somente aos e-mails que lhes interessavam. Não atendiam o telefone e, com frequência, interrompiam o pagamento, alegando problemas que, após muitas discussões, nunca existiram.

O pior que uma empresa ou um profissional pode fazer para si é criar inimigos. Pessoas que podem comprometer o seu sucesso ou simplesmente torcer por seu infortúnio.

Apesar das fraudes causarem um desastre para a reputação de empresas e pessoas, há situações que são mais discretas, mas que também a prejudicam muito. Por exemplo, percebo áreas de compras e de finanças que literalmente destroem todo o esforço do marketing, por tratarem muito mal seus fornecedores, parceiros comerciais e, nos casos mais graves, seus próprios clientes. Principalmente em empresas que estão atravessando uma fase de muito sucesso e crescimento.

Entretanto, a vida empresarial é formada por ciclos. Se, para as marcas, a arrogância é um desastre, para os profissionais ela é fatal para a carreira e a vida. Porque, ao perder o emprego, o indivíduo que trata mal outras pessoas dificilmente contará com a ajuda de seus ex-colegas de trabalho, fornecedores e clientes. E, o que é pior, seu nome no mercado pode estar associado a comportamentos inaceitáveis e que somente eram tolerados devido ao poder de seu cargo.

Para a vida, também pode ser terrível. Conheci o presidente de uma empresa que foi demitido aos 65 anos. Havia acumulado dinheiro suficiente para nunca mais ter de trabalhar e, portanto, poderia curtir a família e os amigos. Mas que família? Havia se separado da esposa e casado com uma mulher mais jovem, que também o abandonara após alguns anos. E, como tratava muito mal seus clientes, fornecedores e empregados, ao ser demitido passou a ser rejeitado por todos aqueles que, enquanto fora presidente, o toleravam em eventos sociais. Embora pudesse escolher ir chorar em Roma, Paris, Milão ou Nova York, teria de fazê-lo sempre sozinho. Era uma forma terrível de solidão.

Apesar das pressões do dia a dia, da correria, das injustiças, ainda temos de nos esforçar para aprender a fazer tudo que a vida empresarial nos exige com cortesia e gentileza. Não é algo fácil. Qualquer um que já se sentiu estressado, pressionado por resultados e por situações financeiras críticas, sabe que as emoções ficam fora de controle. Ainda assim, todo esforço é válido, principalmente no longo prazo, para a construção de nossa reputação, como indivíduos e marcas.

Respirar fundo, ter atenção ao que é solicitado, responder com serenidade às demandas das pessoas é um passo possível de ser dado. Ainda que demandem muito esforço pessoal e autodesenvolvimento elevado ao longo do tempo.

Afinal, é com essa atitude que atraímos a boa vontade das pessoas, respostas mais rápidas e gentis e, acima de tudo, uma torcida que nos empurra para o sucesso. Melhor que isso, pessoas que nos indicam para oportunidades e que estão disponíveis para um drinque, quando nosso sobrenome empresarial terminar.

Vamos em frente!

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital