Mundo oculto de fungos e bactérias é descoberto em obras de da Vinci

Material orgânico, que inclui DNA Humano, foi se acumulando ao longo de cinco séculos de manuseio, e pode ser usado como uma 'assinatura' de cada obra
Rafael Rigues20/11/2020 13h42, atualizada em 20/11/2020 13h48

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Um grupo de cientistas austríacos e italianos analisou sete obras emblemáticas do mestre italiano Leonardo da Vinci e descobriu nelas uma característica inédita: cada uma contém um complexo microbioma composto por fungos e bactérias, um verdadeiro mundo oculto.

A inesperada diversidade de fungos, bactérias e DNA humano provavelmente foi depositada nas ilustrações muito tempo após a morte de da Vinci, há 501 anos, e provavelmente vem de outras pessoas que as manusearam ao longo dos séculos. Mas o material tem uma história a contar.

Segundo os pesquisadores, os resultados mostram que seria possível criar um catálogo de microbiomas para autenticar obras de arte, já que cada uma das peças tinha uma coleção de microorganismos tão única que poderiam ser identificadas novamente usando apenas uma amostra deles.

E há elementos-chave em comum suficientes para que os pesquisadores possam identificar falsificações com base nas diferenças de seus microbiomas, ou mesmo determinar as diferentes condições nas quais desenhos autênticos foram armazenados ao longo dos séculos.

Reprodução

Manuscritos de Leonardo da Vinci. Foto: iStock/JanakaMaharageDharmasena

Os resultados também mostram que os desenhos têm um microbioma significativamente diferente do esperado, com muitas bactérias e DNA humano — provavelmente uma consequência dos séculos de manuseio por restauradores e colecionadores. Micróbios que causam degradação do papel ao longo do tempo também estão presentes, o que demonstra a importância dos esforços de conservação.

“Juntos, os insetos, restauradores e localização geográfica deixaram um rastro invisível ao olho nu nos desenhos”, disseram os pesquisadores. “Mas é difícil afirmar se algum destes contaminantes é originário da época em que Leonardo da Vinci estava criando seus desenhos”.

Para realizar o estudo os pesquisadores usaram uma nova ferramenta chamada Nanopore, um método de sequenciamento genético que rapidamente quebra e analisa material genético. A mesma equipe analisou outros microbiomas artísticos no passado para determinar como estátuas que foram recuperadas de contrabandistas foram armazenadas enquanto estavam escondidas. No futuro, a técnica poderá revelar novos detalhes da história de outros trabalhos artísticos, mesmo aqueles que já foram bem estudados.

Fonte: LiveScience

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital