A guerra comercial entre os Estados Unidos e a chinesa Huawei se intensifica a cada dia, sendo que, recentemente, o governo Trump praticamente proibiu empresas e órgãos norte-americanos de fazer negócios com a companhia. No entanto, apesar da pressão dos norte-americanos, o Brasil não deve barrar a participação da gigante chinesa em sua estrutura 5G. Quem diz isso é o próprio vice-presidente do país, o general Hamilton Mourão.
Em entrevista ao Valor, Mourão garantiu que não há nenhum plano de banir a Huawei do país: “No nosso governo não tem. O presidente não falou isso para mim em nenhum momento. Nós somos um país que precisa, somos um país muito pouco integrado digitalmente. Você sai daqui de Brasília, anda 50 km na estrada e não fala mais no telefone. Temos um marco de telecomunicações [Lei Geral de Telecomunicações, 1997] que é da década de 1990. Ele não atende mais. As operadoras têm que expandir a rede, mas elas são obrigadas a investir em telefonia fixa, orelhão. Tem que mudar o marco.”
Grande parte da entrevista trata da visita do vice-presidente à China em maio e das relações econômicas entre os dois países. Mourão ainda revelou um conselho que deu ao presidente da Huawei durante a viagem: “Olha, vocês têm que criar um ambiente de confiança na empresa. De modo que nenhum país que vá receber a empresa e a tecnologia que vocês vão instalar fique preocupado com que todos os dados que estarão no seu poder pertencerão também ao governo [chinês]”. Ele afirma que seria leviano, por ora, ter algum receio quanto às práticas da Huawei.
O vice-presidente também confirmou que Jair Bolsonaro foi alertado por Trump sobre a Huawei durante sua visita a Washington em março. Como observa o jornal, é a primeira vez que “uma alta autoridade brasileira reconhece publicamente que o tema foi levantado” na ocasião. O Valor menciona que os EUA pressionam aliados, como a Austrália e o Japão, para que eles também vetem o uso de equipamentos da Huawei. A Alemanha também foi pressionada – os americanos ameaçaram deixar de compartilhar informações de setores de inteligência com o país europeu.
Vale lembrar, no entanto, que outras decisões podem partir do presidente Bolsonaro, que tem um histórico de declarações contra o país asiático – apesar de ter tomado uma posição mais moderada nos últimos meses, dada a importância das relações comerciais.