Motorola ‘fura’ Apple e lança Moto Z sem entrada de fone de ouvido

Renato Santino09/06/2016 22h00

20160609190711

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Lembra quando os rumores apontavam que o iPhone 7 não teria mais a tradicional entrada de fones de ouvido, e seria necessário usar a mesma entrada usada pelo carregador para conectar um fone no celular? A maioria das pessoas ficou enfurecida com a ideia, que, na prática, faz com que todos os fones antigos se tornem inúteis imediatamente sem um adaptador.

Pois bem. A reação negativa não impediu que outras empresas decidissem furar a Apple e se antecipar à “revolução” do smartphone sem entrada para o cabo P2 (o cabo de fone convencional). O exemplo disso é a Lenovo/Motorola e o seu novíssimo Moto Z.

Sim, o novo Moto Z não tem entrada para fones de ouvido. O aparelho é superfino e, em partes, essa pequena espessura se deve à ausência de um conector P2 padrão. O usuário é incentivado a usar um adaptador, ou então comprar novos fones que se adequem ao novo padrão USB tipo C. A outra alternativa é recorrer ao bom e velho fone Bluetooth.

Reprodução

A empresa, no entanto, fornecerá na própria caixa o tal adaptador do celular, o que é uma solução mais adequada, mas longe de ser perfeita. Estes dispositivos são pequenos e podem ser perdidos com grande facilidade, o que deve forçar o usuário a comprar um novo, que pode não ser barato (não temos o preço ainda).

O ideal seria não mexer nesta área; não sem pelo menos deixar muito clara a mudança e explicar os ganhos técnicos. A gente sabe que a tecnologia avança e formatos antigos não necessariamente se adaptam ao novo mundo. No entanto, se você vai remover um conector extremamente tradicional e ainda amplamente usado por todo mundo que tem um celular, é necessário explicar qual é a vantagem. Um celular dois milímetros mais fino não é um bom argumento.

Quando os leitores de discos ópticos começaram a desaparecer dos laptops, muitos ficaram ressabiados, mas havia de fato uma vantagem. Os notebooks que eram pesados e desajeitados começaram a ficar muito mais leves e finos, e hoje cabem em qualquer bolsa. Houve um ganho muito claro tanto em estética quanto em portabilidade, que, somado à visão de mercado que a mídia óptica cairia em desuso, só beneficiou o usuário no longo prazo.

No entanto, não é possível fazer um paralelo com o fim da entrada de cabo P2 nos celulares. A vantagem estética de eliminar a entrada é marginal, no máximo eliminando poucos milímetros de espessura e uns 10 gramas de peso. Pode, sim, haver ganho de qualidade de áudio, mas a Lenovo não falou uma palavra sobre isso na apresentação do Moto Z. É importante explicar estes pontos para um possível consumidor, mas nada disso foi feito.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital