A Uber parece estar perto de seu primeiro problema com os motoristas brasileiros. Na segunda-feira após o domingo da páscoa, no dia 28 de março, vários deles estão ameaçando ficar off-line e não atender mais clientes a partir das 5h da manhã. Eles reclamam das condições que a empresa oferece para os motoristas.
A reclamação é que o valor arrecadado com o trabalho não é suficiente para cobrir os custos de manutenção do carro, lembrando que a Uber determina que os seus veículos cumpram determinados padrões: o carro precisa ser de cores pré-determinadas e ser relativamente novo. Isso significa que muitas pessoas financiaram novos automóveis com a promessa de uma boa renda para poder se afiliar ao serviço.
A explicação dos motoristas ouvidos pela Folha de S. Paulo é que a Uber está aceitando muitos novos motoristas, aumentando a oferta de carros, enquanto a demanda ainda não é tão grande. Assim, fica difícil conseguir clientes. “Tem gente que está trabalhando mais de 12 horas por dia para tirar muito pouco”, conta Alexandre Freitas, um dos idealizadores da paralisação.
Os motoristas reclamam também dos preços baixos cobrados pela Uber. O serviço, além de já ser mais barato que o táxi (quando o preço dinâmico não está ativo), recentemente passou por um corte de preço de 15%. Os motoristas reclamam que passaram a ter que trabalhar mais para receber o mesmo que antes. “O Uber vendeu um sonho em que os motoristas tiravam R$ 7 mil [por mês]. Hoje não dá para tirar R$ 2 mil”, diz o presidente da associação dos motoristas do Uber, Nelson Bazolli.
Do lado da empresa, ela alega que não pode aumentar o preço sem reduzir a demanda, o que dificultaria mais a vida dos motoristas. A companhia afirma que graças ao custo reduzido, é possível para os motoristas ganharem mais dinheiro do que com o valor mais alto, que afastaria os clientes.