Moderadores que precisavam ver imagens de abuso infantil processam Microsoft

Redação12/01/2017 12h27

20160329190103

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Duas pessoas que trabalhavam como moderadores de segurança online da Microsoft entraram com uma ação judicial contra a empresa (pdf) alegando que ela negligenciou sua saúde mental e emocional. Como parte do trabalho, os funcionários eram obrigados a ver “milhares de imagens de pornografia infantil, pornografia adulta e bestialidade que mostravam explicitamente a violência e depravação dos criminosos”.

Henry Soto e Greg Blauert disseram não ter sido avisados sobre os potenciais impactos negativos do emprego, e que não lhes foi permitido negar a participação nessas tarefas. Soto acrescenta ainda que foi transferido para a posição contra a sua vontade em 2008, e que, de acordo com a política da Microsoft, precisaria permanecer no cargo por um ano e meio antes de poder pedir transferência.

Profissão terrível

Após ver imagens que são descritas no processo como “brutalidade, assassinato, agressões sexuais indescritíveis, vídeos de pessoas morrendo” e outras imagens “feitas para entreter as pessoas mais doentes do mundo”, Soto foi transferido em 2014. Mesmo após a transferência, contudo, ele continuou a apresentar sintomas de estresse pós-traumático.

Dentre os sintomas estavam problemas para dormir, pesadelos e alucinações visuais. Em 2015, ele tirou uma licença médica, mas o departamento de trabalho de Washington, onde ele trabalhava, não acatou às demandas de Soto para receber compensação pelo estresse pós-traumático, alegando não tratar-se de um problema ocupacional.

Blauert, por sua vez, começou a trabalhar para a mesma equipe em 2011, e precisava ver iamgens com o mesmo teor das citadas acima. De acordo com o Corthouse News, a Microsoft, em vez de ter terapeutas treinados para atender à saúde mental da equipe, oferecia um programa de “bem-estar mental”. O programa aconselhava funcionários a passear, sair para fumar ou jogar videogames para lidar com o estresse.

No entanto, Blauert foi criticado por “falta de produtividade” e por passar tempo demais jogando videogames. Em 2013, ele sofreu uma crise psicológica e ainda está em tratamento por conta de um “agudo e debilitante distúrbio de estresse pós-traumático”. Novamente, o departamento de trabalho de Washington não julgou que cabia compensação a Blauert.

Mudanças

Os dois funcionários da Microsoft solicitam compensação por danos causados, mas também sugerem que uma série de mudanças seja feita à forma como a Microsoft lida com as equipes responsáveis por revisar esse tipo de conteúdo. Dentre as mudanças estariam rotações obrigatórias para outras áreas, mais folgas, consultas semanais com terapeutas e aconselhamento familiar.

Um porta-voz da Microsoft enviou uma declaração ao Guardian dizendo que a empresa “discorda” dos termos do processo, mas que “leva a sério sua responsabilidade de remover e reportar imagens de exploração e abuso sexual infantil compartilhadas em seus serviços, bem como a saúde e resiliência dos funcionários que fazem esse trabalho importante”.

Em entrevista ao site, um dos advogados responsáveis pelo processo, Ben Wells, considerou que a Microsoft e outras gigantes de tecnologia precisam se esforçar mais para “proteger as pessoas que estão fazendo o trabalho heróico”. “O público precisa entender que esse trabalho não está sendo feito por um computador”, concluiu.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital