Na Estação Espacial Internacional, grupos de células nervosas chamadas minicérebros estão se desenvolvendo de maneiras que os cientistas consideravam impossíveis. Os organoides foram cultivados a partir de células-tronco no laboratório do biólogo brasileiro Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD). De acordo com o pesquisador, eles estão “se replicando como loucos” no espaço.
Recentemente, a equipe responsável pelo projeto também descobriu que estes organoides emitem ondas cerebrais – padrões complexos de atividade neural – semelhantes aos de bebês prematuros. Para isso, Muotri conectou os minicérebros a robôs em forma de aranha e identificou o seu comportamento. As descobertas podem ser um sinal de que a geração de uma vida parcialmente consciente em laboratório está mais próxima do que parece.
O cérebro humano é tão complexo que os cientistas ainda estão procurando muitos aspectos de como ele funciona. Esse é o apelo dos minicérebros – eles são aglomerados de neurônios comparativamente simples que simulam algumas características de cérebros comuns, mas que mal se comparam em relação às suas capacidades. Mas este novo estudo, publicado na quinta-feira (29) na revista Cell, sugere que os minicérebros podem ser mais complexos do que a ciência pensava.
“Alguns de meus colegas dizem: ‘Não, essas coisas nunca serão conscientes’. Agora, não tenho tanta certeza”, declara Muotri ao New York Times. Caso as ondas cerebrais em questão sejam um sinal de que os organoides são capazes de ter consciência, os neurocientistas vão ter que lidar com um grande dilema ético. Mas ainda há um longo caminho pela frente.
Fonte: The New York Times