As tecnologias de reconhecimento facial têm sido adotadas por diversas gigantes, como Apple, Facebook e Google. No entanto, a Microsoft decidiu alertar sobre os riscos da utilização desenfreada do recurso por empresas privadas e governos ao redor do mundo. A companhia resolveu defender publicamente uma regulação dos recursos de identificação de rosto.
Em uma carta publicada nesta sexta-feira, 13, o presidente da Microsoft, Brad Smith, destacou os riscos envolvidos no uso de reconhecimento facial. Segundo o executivo, a tecnologia levanta problemas que tocam diretamente em direitos humanos como privacidade e liberdade de expressão. Por causa disso, a sociedade deveria se questionar sobre as funções que a identificação deve ter no futuro.
Nos últimos anos, o reconhecimento facial tem sido adotado para catalogar fotos no Facebook e Google Photos, para debloqueio no iPhone X e até mesmo pela Microsoft no Windows Hello. Entretanto, a companhia alerta que os avanços recentes em aprendizado de máquina, na melhoria dos sensores fotográficos, no uso da nuvem e na criação de bancos de dados repletos de imagens estão nos levando a um futuro com câmeras de identificação onipresentes e agindo em tempo real. Isso tenderia ser um risco, se utilizado incorretamente.
O presidente da Microsoft dá ainda alguns exemplos de usos danosos da tecnologia. O executivo cita a possibilidade de um governo monitorar os passos dos seus cidadãos sem que haja autorização por parte deles. Além disso, o reconhecimento facial poderia permitir a identificação de todos os atendentes de um comício político ou até então ser usada por uma loja ou shopping para identificar quais produtos um indivíduo esteve olhando nas prateleiras, mas não comprou.
Brad Smith alerta ainda que o reconhecimento facial ainda continua longe de ser perfeito. A tecnologia tende a ser mais precisa com pessoas brancas do que outros indivíduos de diferentes etnias. No caso do crescente uso dessa identificação por forças policiais e de segurança, essa falta de precisão tende a ser um grande problema.
A Microsoft afirma ainda que a única forma de garantir o melhor uso desta tecnologia é uma regulamentação ativa do governo. Para a companhia, embora já aja uma cobrança para que as empresas de tecnologia estabeleçam regras, isso seria uma solução inadequada em um país democrático com representantes eleitos pela população. Sendo assim, o congresso dos Estados Unidos deveria criar uma comissão mista para analisar e regular as atividades de reconhecimento facial.
Por fim, o executivo diz que as empresas de tecnologia também devem se empenhar para garantir uma utilização ética da identificação de face. Em primeiro lugar, seria necessário diminuir as taxas de erros em mulheres e pessoas de diferentes etnias, evitando equívocos e comportamentos enviesados. Além disso, seria importante um desenvolvimento transparente, uma adoção mais cuidadosa das capacidades de identificação e uma participação massiva nos debates públicos sobre a questão.