Com teatros fechados e turnês suspensas, muitos artistas estão tendo que se reinventar para continuar trabalhando durante a pandemia da Covid-19. O formato de transmissão ao vivo tem sido o mais popular, mas há também quem explore outras plataformas para contar histórias.
“Amor de Quarentena” é uma microficção escrita pelo cineasta argentino Santiago Loza e dirigida por Daniel Gaggini que estreia no próximo dia 14 no Whatsapp. A produção usa o aplicativo para enviar para o público mensagens de voz e de texto, além de áudios, vídeos, canções e fotos, que construirão o enredo ao longo de 13 dias.
Ao comprar o ingresso (R$ 40 + R$ 4 de taxas), o espectador escolhe um dos atores do elenco – Reynaldo Gianecchini, Mariana Ximenes, Débora Nascimento ou Jonathan Azevedo – que fará o papel de uma pessoa do seu passado que voltou a entrar em contato em tempo de isolamento. “A ideia foi criar um vínculo do passado a partir das experiências pessoais dos atores, usando suas próprias casas como locações e os diversos sons e ruídos que o cotidiano produz. Isto provoca uma sensação de intimidade”, diz Gaggini.
A produção recomenda que os usuários utilizem fones de ouvido e que salvem o contato da peça “com o nome de uma pessoa especial”. A proposta é que o espectador use as mensagens como pistas para reconstruir a história dessa relação.
“Gosto da ideia do amor que volta em um momento em que há tantas más notícias circulando e o futuro se torna tão frágil. Nos faz lembrar de que somos finitos, que não existe eternidade e que sentimos a necessidade de nos aferrar ao amor. Assim, a cada dia, uma nova mensagem nos espera, nos distrai, nos renova a ilusão”, observa o autor Santiago Loza.
Nenhum dos atores receberá cachê pelo projeto, e o dinheiro dos ingressos irá para o Fundo Marlene Colé de apoio a artistas e técnicos que estão sem trabalho por conta da pandemia. “Amor de Quarentena” já estreou na Argentina, Espanha, Uruguai, Chile, Equador e Paraguai e, em breve, chegará à Alemanha, Austrália, México, Peru, Colômbia, Holanda, França e Portugal.