Médicos se preparam para implantar primeiro olho biônico humano do mundo

Sistema combina câmeras e unidades de processamento com implantes cerebrais; para pesquisadores, solução também pode ajudar no tratamento de paralisias
Redação15/09/2020 16h55, atualizada em 15/09/2020 17h34

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Pesquisadores da Monash University, na Austrália, trabalham há mais de uma década no desenvolvimento de um dispositivo que pode restaurar a visão de pessoas cegas por meio de aparelhos implantados no cérebro. Nesta segunda-feira (14), a instituição de ensino anunciou que, após o sucesso de experimentos com animais, o projeto caminha para a fase de ensaios clínicos em humanos.

A tecnologia, batizada de Gennaris, promete assistir pacientes com nervos ópticos comprometidos. Essa condição impede que os sinais captados pela retina sejam transmitidos para regiões do cérebro e resulta em quadros de cegueira. O sistema envolve um capacete equipado com uma câmera e uma unidade de processamento, que apresenta tamanho semelhante ao de um smartphone, dizem os pesquisadores.

Os dados captados pela lente são interpretados pela unidade de processamento, que envia as informações por conexão sem fio para circuitos complexos instalados nos cérebros dos pacientes. Os dispositivos convertem os dados da imagem em impulsos elétricos e os transmitem aos neurônios no cérebro por meio de microeletrodos mais finos que o fio de cabelo humano.

Reprodução

Com 9×9 mm, dispositivos têm dimensões próximas às de microchips de celulares. Imagem: Monash University

Os cientistas ressaltam que o Gennaris apresentou resultados positivos em experimentos com animais. Foram introduzidos 10 circuitos no cérebro de ovelhas e os pesquisadores conduziram estímulos nos dispositivos durante nove meses. Após mais de 2.700 horas de simulações, nenhum efeito adverso foi observado na saúde dos mamíferos. A pesquisa foi relatada em um artigo publicado na revista científica Journal of Neural Engineering, em julho.

“Os resultados do estudo indicam que a estimulação de longo prazo através de matrizes sem fio pode ser obtida sem indução de danos generalizados aos tecidos, nem problemas de comportamento ou convulsões visíveis resultantes da estimulação”, disse o autor principal do trabalho, Professor Rosenfeld, em nota publicada no site da universidade Monash.

Embora o sistema ainda tenha que passar por longas etapas de testes clínicos, os pesquisadores já buscam financiamento suplementar para garantir uma eventual produção em escala dos equipamentos neurais do Gennaris. Segundo eles, a tecnologia também é promissora no tratamento de outras condições relacionadas a deficiências nervosas, incluindo a paralisia de membros.

Via: Monash

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital