Dispositivos vestíveis estão entre os queridinhos do mercado de tecnologia e um dos apelos das empresas para conquistar os consumidores é a capacidade que esses produtos teriam de mantê-los com a saúde em dia. O problema é que a comunidade médica não concorda com essa visão.
Apple Watch, Fitbit, Pebble, Mi Band, entre outros, reúnem uma série de informações sobre os usuários, incluindo frequência cardíaca e quantidade de passos dados diariamente. Só que quando as pessoas levam essas informações aos consultórios, os médicos acabam dispensando tudo.
“Eles vêm com essas planilhas enormes de Excel, com todas essas informações – eu não faço ideia do que fazer com isso”, afirmou Andrew Trister, oncologista e pesquisador da Sage Bionetworks, à revista do MIT. Ele e seus colegas têm sido constantemente surpreendidos por essa situação.
“Clínicos não têm muito o que fazer com o número de passos que você dá em um dia”, concorda Neil Sehgal, pesquisador sênior no UCSF Center for Digital Health Innovation. Ele sabe do que está falando, pois nos últimos dois anos o centro tem comparado dados retirados de dispositivos domésticos com os padrões adotados pela comunidade médica e, até agora, foram descobertos poucos produtos que podem ser considerados confiáveis.
Por mais que as empresas tentem vender esses dispositivos com um apelo desses, os consumidores deveriam se atentar para o fato de que eles geralmente não têm certificação médica. Nos Estados Unidos, por exemplo, a FDA (agência que regula o setor de saúde), deu a eles apenas o carimbo de “focados em bem-estar”. Dispositivos médicos são menos generalistas, pois são feitos para analisar questões específicas, como as condições da pele durante períodos de estresse, por exemplo.
Sehgal não descarta que um Apple Watch possa vir a ser útil aos médicos no futuro e também reconheceu que relógios e pulseiras inteligentes têm ajudado a manter os usuários em movimento. Entretanto, por ora eles são limitados.