Um homem de 37 anos em estado de coma acordou de sua condição adversa após ter administrado em seu sistema uma dose mais alta do medicamento chamado “Ambien” (ou “Zolpidem”, como é conhecido aqui no Brasil). A situação é bastante incomum e atraiu a atenção da comunidade científica, por um motivo deveras irônico: o remédio em questão é usado para ajudar você a dormir.
O paciente tinha 29 anos quando engasgou com comida, efetivamente cortando o fornecimento de oxigênio para o seu cérebro. Como efeito, ele acabou perdendo a capacidade de andar, falar e eventualmente entrou em coma, durante os oito anos seguintes. Uma equipe médica da Holanda, que tratava do rapaz, administrou uma dose maior de Ambien, o que gerou o efeito estranho: não apenas ele acordou, como caminhou pelo quarto e falou com sua família com completa lucidez.
A má notícia: o efeito durou aproximadamente uma hora.
Zolpidem (conhecido como Ambien nos EUA) é um medicamento que combate a insônia, mas estranhamente fez homem acordar de coma na Holanda. Foto: Sonis Photography/Shutterstock
Segundo a equipe médica, por mais irônico que seja um remédio para fazer você dormir apresentar o efeito de lhe acordar, a situação não é inédita: diversos canais relatam que altas doses de Ambien podem causar a sensação de alerta. No caso deste homem, os médicos holandeses constataram que o medicamento traz tais efeitos quando o sistema imunológico o elimina por completo.
Em outras palavras, se o remédio seguisse sendo administrado periodicamente, o paciente continuaria dormindo profundamente. Desta forma, os médicos decidiram por aplicar o Ambien apenas em ocasiões especiais, como visitas familiares e outras situações.
Uso irrestrito de Ambien pode mudar comportamento
De acordo com estudos do caso deste paciente, os médicos constataram que a situação de coma dele se deu por uma atividade neurológica que vinha sendo conduzida sem nenhum controle. Com o uso do remédio, porém, o coro do homem pareceu encontrar uma espécie de “equilíbrio” ao promover a atividade de um neurotransmissor conhecido como “GABA”, responsável, segundo pesquisas em jornais clínicos, pela sensação de calma e relaxamento.
O GABA, cientificamente falando, inibe a atividade neurológica e evita que sinais sejam transmitidos no cérebro, normalmente equilibrando níveis de outros neurotransmissores, como o glutamato. Como o cérebro do paciente em coma se encontrava em um período constante de hiperatividade, o GABA acabou balanceando as suas capacidades neurológicas.
Uso do medicamento Ambien pode trazer flutuações de comportamento caso seja feito sem controle. Foto: Arne Beruldsen/Shutterstock
É importante citar que a situação atípica ocorreu com esse paciente, apenas, e médicos não sabem afirmar se a hiperdosagem de Ambien traria resultados similares em estudos do tipo – e nem se há a capacidade aplicável para que tais pesquisas sejam conduzidas. Mais além, um relato do portal The Fix, de 2014, indica que o uso desenfreado do medicamento pode trazer como efeito colateral a mudança permanente de comportamento, tornando as pessoas que o tomam sem cuidado mais irritáveis e violentas.
Isso não impediu que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovasse o uso de hermitrato de zolpidem em comprimidos para tratamento de distúrbios do sono em 2019.
Fonte: Futurism / O Tempo / Revista da Farmácia