Manifestantes em Hong Kong usam AirDrop para burlar censura

Recurso do iOS facilita o compartilhamento de arquivos entre iPhones, e está sendo usado em um engenhoso sistema de "panfletagem" digital.
Rafael Rigues08/07/2019 17h53, atualizada em 08/07/2019 18h03

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Hong Kong está vivendo uma série de manifestações populares contra uma polêmica lei de extradição que permitiria que cidadãos fossem presos e enviados para julgamento na China em casos de crimes contra o estado. As manifestações tem atraído a atenção da mídia internacional mas são praticamente desconhecidas na China, já que o governo Chinês vem trabalhando ativamente para censurar quaquer menção a elas.

Agora, os manifestantes encontraram uma forma engenhosa de divulgar sua causa: eles usam o AirDrop, recurso dos iPhones que permite o compartilhamento fácil de arquivos via Bluetooth, para entregar a turistas chineses em locais de grande aglomeração “panfletos digitais” explicando o movimento.

Os panfletos, escritos em Chinês Simplificado (a variante do idioma usado na China continental), também contém informações sobre o massacre na Praça da Paz Celestial (Tianamen Square) em 1989, sobre a morte de bebês chineses por causa de leite em pó adulterado e outros assuntos censurados pelo governo chinês.

Um manifestante chegou a criar um QR Code que simula a aparência de um “envelope vermelho” do WeChat, uma forma de presentear alguém com dinheiro usando o app. Mas ao escanear o código, o que o usuário recebe é um panfleto explicando porque é necessário se opor à lei de extradição.

Hong Kong foi uma colônia do Império Britânico até o ano 2000, quando foi devolvida ao governo chinês. À época, o governo chinês prometeu respeitar os direitos dos cidadãos e o sistema democrático e capitalista da província, que tem suas próprias leis. Entretanto, nos últimos anos vários esforços vem sendo feitos para “integrá-la” ao governo central, muitos deles contra a vontade da população local.

Fonte: QZ

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital