Durante a década de 2000, os celulares eram uma loucura: tivemos celulares ultrafinos, em forma de banana, pequenos, grandes, com teclados deslizáveis… basicamente todo tipo de formato que conseguimos imaginar. Com o sucesso do iPhone, no entanto, a indústria encontrou um padrão e passamos muitos anos de mesmice.

Isso só começou a mudar recentemente. Após muitos anos de celulares cada vez mais iguais, a indústria definiu um novo plano: eliminar as bordas ao redor da tela na parte frontal do celular, o que criou um desafio interessante de design. Afinal, o que fazer com a câmera frontal? Isso fez com que finalmente tivéssemos celulares com caras diferentes novamente, com cada fabricante desenvolvendo uma solução própria.

Veja como esse desafio estético foi evoluindo com o passar do tempo:

Redução das bordas

O primeiro passo da indústria foi apenas reduzir as bordas dos smartphones, e temos exemplares do Galaxy S8 e do LG G6, lançados em 2017, como bons exemplos do que foi feito então. As telas se esticaram, e proporções de 18:9 (ou 2:1) ou mais amplas começaram a se popularizar.

A câmera frontal e outros sensores haviam sido espremidos em um espaço menor, mas ainda não afetaram a tela. Isso só começou a mudar com o iPhone X e…

O infame “notch”

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O iPhone X chegou com uma nova proposta: cortar um pedaço da tela para abrigar os sensores e a câmera frontal do smartphone, o que foi compreendido por uma parte dos usuários, mas não há como dizer que o resultado ficou bonito.

A Apple aproveitou o redesign para incluir novos sensores no iPhone, que permitiram ao aparelho ganhar reconhecimento facial 3D, tornando o FaceID uma forma segura de autenticação biométrica, que não é enganado apenas por uma foto.

O problema é que quando a Apple decidiu por essa estética, acabou ditando um padrão na indústria, como acontece com muitas de suas decisões (também foi o caso da remoção da entrada de fone de ouvido). Assim, não foram poucos os casos de celulares que se tornaram “clones” do iPhone X, como foi o caso do Motorola One, de 2018, e o Zenfone 5, da Asus.

O problema é que, por mais que as empresas se esforçassem para dizer o contrário, o entalhe ainda parecia intrusivo, o que fez com que fabricantes desenvolvessem…

A gota

Em uma tentativa de tentar tornar o “notch” menos invasivo, a indústria começou a se mobilizar para tentar diminui-lo, o que deu origem ao corte na tela em forma de gota. O corte ficou consideravelmente mais discreto, mas ainda assim era um elemento intruso na tela.

Como exemplos temos a família Moto G7, que apostou nesse visual, assim com a linha Galaxy M da Samsung.

A indústria não ficou satisfeita e logo apareceu…

O furo na tela

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O Galaxy S10 e os outros membros da família top de linha da Samsung são os mais famosos exemplos desta técnica. A vantagem desse opção por design é permitir realmente eliminar qualquer borda ao redor da parte frontal do aparelho.

No entanto, obviamente o furo na tela também tem suas contrapartidas, já que o buraco fica permanentemente ocupando espaço no display, potencialmente roubando área útil para exibição de informação. Na prática, isso acontece na família S10: a câmera fica posicionada na barra de notificações, reduzindo o espaço para ícones informativos sobre o seu celular.

Não à toa, a indústria ainda não parece satisfeita e continua experimentando formas que não tenham qualquer tipo de interrupção na tela. Como é a…

Câmera retrátil

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Até o momento, dois celulares se destacam por apostar nesse design. Tanto o Zenfone 6, da Asus, quanto o Galaxy A80, da Samsung, utilizam mecanismos motorizados e rotatórios para fazer com que a câmera traseira também faça as vezes de frontal quando o momento for correto. São dois sistemas diferentes, mas que cumprem a mesma função.

É uma alternativa quase perfeita: não há interrupção visual na tela, e a câmera frontal passa a ser tão boa quanto a traseira (que normalmente é bem melhor). No entanto, há, sim, um problema: quanto mais partes móveis, maior é a chance de o sistema apresentar defeito mecânico. Em algum momento, a câmera pode enguiçar.

Samsung e Asus garantem que fizeram amplos testes para garantir que a taxa de falha seja a mínima possível, mas ainda assim a dúvida existe, e os consumidores também devem ter isso em mente. É por isso que as empresas já estão pesquisando como dar o próximo e definitivo passo:

A câmera sob a tela

Durante apresentação na qual o Olhar Digital esteve presente, YeonJeong Kim, vice-presidente da Samsung e chefe da divisão de planejamento de produtos inovadores da companhia, explicou que o próximo passo da empresa, e provavelmente do restante da indústria, é apostar nas câmeras sob a tela, de modo que não haja interrupção visual na tela, nem nenhum mecanismo móvel propenso a erros. A Samsung chegou a cogitar implementar essa tecnologia no Galaxy A80, mas acabou decidindo pelo mecanismo giratório.

Outras companhias estão tentando trilhar o mesmo caminho. Recentemente, a chinesa Oppo demonstrou um celular, ainda em fase de protótipo, cuja câmera frontal estava sob o painel. Para que o sensor fosse capaz de fotografar alguma coisa, a parte da tela que cobre a câmera se apagava completamente. Além disso, o painel foi projetado para permitir mínima interferência na captação de luz pela lente.

No entanto, até o momento, a tecnologia demonstrada ainda não está pronta. No protótipo da Oppo, é bem fácil reconhecer a área do display que sobrepõe a câmera. Além disso, todos os LEDs que fazem parte do painel ainda interferem negativamente na qualidade da imagem. São problemas que precisam ser resolvidos antes que a tecnologia seja disponibilizada em produtos comerciais.