A União Internacional de Telecomunicações da ONU divugou recentemente um relatório sobre o estado do lixo eletrônico do mundo. De acordo com o documento, cerca de 45 milhões de toneladas de dispositivos e componentes eletrônicos foram descartados em 2016 – o valor total desse “lixo”, segundo a união, é de cerca de US$ 55 bilhões (R$ 182 bilhões).

Desses US$ 55 bilhões, cerca de US$ 9 bilhões (R$ 29,8 bilhões) se referem a smartphones jogados fora, de acordo com o documento. Do total de 45 milhões de toneladas de lixo eletrônico produzido ao longo do ano, apenas 20% foi devidamente reciclado – do restante, estima-se que cerca de 4% tenha sido descartado como lixo normal. O destino dos outros 76% não é conhecido.

Diferenças regionais

Naturalmente, nem todas as regiões do mundo são igualmente responsáveis por esse problema. Por exemplo, a Europa e a Rússia juntas produziram cerca de 28% de todo o lixo eletrônico do mundo. Eles compensaram essa situação até certo ponto reciclando cerca de 35% desse lixo. O continente africano como um todo, por outro lado, respondeu por apenas cerca de 5% do lixo eletrônico do mundo, mas praticamente nada foi reciclado por lá.

A China, por sua vez, respondeu por 16% do lixo eletrônico mundial, e reciclou cerca de 18% desse lixo. Entre os países do continente americano, os Estados Unidos são o maior produtor de lixo eletrônico, sendo responsáveis por 14% da produção mundial desse lixo, e reciclando pouco menos de 25% dele. Vale notar, porém, que os EUA têm uma população 25% menor que a China.

O Brasil, por sua vez, é o segundo maior produtor de lixo eletrônico da América. O país produziu 1,5 milhão de toneladas desse lixo, o que equivale a 3,35% da produção mundial. Curiosamente, no entanto, a produção de lixo eletrônico per capta no Brasil é bem baixa. Em média, cada brasileiro produziu 7,4 quilos de lixo eletrônico em 2016. Esse número deixa o país atrás de Irã (7,8) Casaquistão (8,2), Líbia (11), Seychelles (11,5), Romênia (11,6), Eslovênia (16,1) e Brunei (18,3).

Tendências

De ano a ano, a produção mundial de lixo eletrônico vem crescendo cerca de 4% – o que, proporcionalmente, é positivo. Afinal, como o documento aponta, em 2007 apenas cerca de 20% da população mundial estava conectada à internet, enquanto que em 2016 essa porcentagem subiu para cerca de 50%.

Muitos desses novos usuários estão acessando por meio de smartphones, que têm uma vida útil menor que a de computadores. Segundo o relatório, eles são usados apenas cerca de dois anos antes de serem descartados. E, ao que parece, os carregadores são descartados juntos: dos quase 15 milhões de toneladas de lixo eletrônico, praticamente um milhão de toneladas é de carregadores. Eles ainda funcionam, mas acabam indo para o lixo junto com os aparelhos que eles carregam.

Pelo menos, como o Ars Technica aponta, há um lado positivo. Desde 2014, seis novos países, incluindo a Índia (que tem população superior a 1 bilhão de pessoas) aprovaram leis que regulam o gerenciamento de lixo eletrônico. Com isso, pelo menos dois terços da população vive em países que têm leis determinando como tratar esse tipo de descarte.