O Departamento de Justiça dos EUA anunciou 17 novas acusações contra Julian Assange, cada uma com pena máxima de 10 anos. A decisão aumenta o confronto e a discussão entre os limites do jornalismo e segredos governamentais. 

O criador do WikiLeaks está atualmente em Londres, enfrentando possibilidade de extradição para o Estados Unidos, depois de ter sido preso. As novas acusações estão ligadas a Ato de Espionagem, assim como uma suposta tentativa de decifrar uma senha de um computador secreto norte-americano. 

Essas acusações incluem a obtenção e divulgação ilegal de documentos confidenciais, informou o Departamento de Justiça na quinta-feira. O departamento o chamou de “um dos maiores comprometimentos de informações classificadas da história dos Estados Unidos”.

“Alguns dizem que Assange é um jornalista e que ele deveria estar imune a processos”, disse John Demers, procurador-geral adjunto de segurança nacional do Departamento de Justiça, em uma coletiva de imprensa. “Julian Assange não é jornalista. Isso é explicado pela totalidade de suas ações listadas na acusação”.

As ações incluem a divulgação de nomes de funcionários para o público. Um trabalhador do Departamento de Justiça comentou que essa divulgação colocou em risco a vida de pessoas na China, e na Síria. “Assange foi advertido pelo Departamento de Estado para não divulgar os nomes, e ele o fez, no entanto”.

Edward Snowden, responsável pelos vazamentos da NSA, agência de segurança dos EUA, defendeu Assange no Twitter e afirmou que as acusações indicavam o início de uma guerra contra jornalistas. 

A grande questão parece ser que as acusações abrem precedentes para que o governo desafie jornalistas toda vez que arquivos confidencias forem publicados. Na administração de Obama, o Departamento de Justiça se recusou a apresentar acusações contra Assange, observando que o trabalho do WikiLeaks poderia ser considerado jornalismo. 

Em abril, Assange foi acusado de tentar invadir um computador norte-americano, que tinha informações secretas. Documentos alegam que em 2010, o dono do WikiLeaks comunicou-se com um analista de inteligência do Exército do Estados Unidos. 

A plataforma WikiLeaks nasceu em 2006, mas em 2010 ficou conhecida pelos vazamentos gigantescos de dados confidencias governamentais e militares. Nesse ano, foram mais de 10 milhoes de documentos secretos. 

As acusações foram arquivadas no Distrito da Virgínia. Ainda não é certo se o Reino Unido vai extraditar Assange para os EUA. Cada acusação traz uma sentença máxima de 10 anos, disse o Departamento de Justiça. Assange enfrenta um total de 18 acusações sob o Ato de Espionagem. Ela cita uma lista chamada “Most Wanted Leaks” (vazamentos mais requisitados), que oferecia recompensa por informações confidenciais. 

Assange tem uma audiência marcada em 12 de junho para combater a extradição aos Estados Unidos.


Fonte: CNET