Nos últimos 2,5 milhões de anos, as polaridades dos campos magnéticos da Terra se inverteram dezenas de vezes, fazendo o norte se tornar o sul e vice-versa. Teoricamente, o planeta teria que mudar o sentido de sua rotação para inverter a orientação do campo, como isso nunca aconteceu, cientistas nunca encontraram uma explicação completa para o fenômeno. Para entender essa inversão, cientistas contaram com a sequência de fluxo detectável de lava vulcânica que surgiram perto ou durante a última reversão, e descobriram que ela já ocorreu ao menos 170 vezes em 100 milhões de anos.

Um estudo recente publicado no dia 7 de agosto na revista científica Science Advances, descreveu novas descobertas do giro magnético da Terra, mostrando que a duração da última ocorrência do fenômeno demorou muito mais do que o calculado anteriormente.

A última inversão de polos magnéticos da Terra, segundo cientistas, aconteceu muito antes de os humanos poderem registrá-la, durante a Idade da Pedra, há cerca de 780 mil anos. Até então, sabia-se pouco sobre a duração do evento, bem como quando ele poderia acontecer de novo, já que o fenômeno é imprevisível.

Mas, graças a análises sobre o registro de fluxo de lava vulcânica antiga, os pesquisadores do novo estudo estimaram que o giro magnético durou longos 22 mil anos, muito mais do que o tempo entendido como consenso até então, de mil a 10 mil anos. Para chegar nesse número, os autores do estudo usaram dados sobre sequências de fluxo de lava que surgiram perto ou durante a ocorrência do fenômeno.

“Descobrimos que a última inversão foi mais complexa e iniciada dentro do núcleo externo da Terra antes do que se pensava anteriormente”, disse o autor do estudo e professor de geociências da Universidade de Wisconsin-Madison (Estados Unidos), Bradley Singer, ao portal Space.com.

A inversão dos polos magnéticos ocorre quando as moléculas de ferro no núcleo externo da Terra se dirigem em lado oposto à de outras moléculas de ferro ao redor delas. Conforme a quantidade de moléculas que se movimenta ao contrário aumenta, o campo magnético no núcleo do planeta é deslocado. Se isso acontecesse hoje, por exemplo, as bússolas apontariam para o sul geográfico em vez do norte.

Artigos recentes que mostram que o polo magnético norte do Ártico canadense está se movendo mais rápido em direção à Sibéria geraram discussões sobre uma possível iminência da próxima vez que o fenômeno vai acontecer e quais impacto isso teria sobre a vida na Terra.

Singer, no entanto, discorda dessas alegações. “Há pouca evidência de que esta diminuição atual na força de campo, ou a rápida mudança na posição do polo norte, reflita o comportamento que anuncia que uma inversão de polaridade é iminente durante os próximos 2 mil anos”, explicou o professor.

Via: Space.com