Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts desenvolveram uma inteligência artificial capaz de identificar movimentos de pessoas mesmo atrás de uma parede. Chamado de RF-Pose, o sistema de rede neural pode ser usado em conjunto com dispositivos sem fio para ensiná-los a detectar e estimar a posição de uma pessoa, mostrando tudo em um modelo 2D.
De acordo com o artigo publicado pelos pesquisadores, a IA transmite um sinal wireless cerca de 1.000 vezes menos potente do que o de Wi-Fi e “observa sua reflexão no ambiente”. Esses dados são usados pela rede neural como base para gerar a figura de um “esqueleto” humano e rastrear os movimentos em tempo real. O sistema, aliás, não fica limitado a apenas um corpo: ele consegue identificar até 100 deles em um mesmo ambiente.
O grande desafio encontrado pelos pesquisadores foi treinar o próprio RF-Pose. Como redes neurais precisam de dados para praticar, o grupo por trás do projeto precisou primeiro coletar milhares de exemplos de imagens capturadas manualmente tanto por câmera quanto pelo sinal de um dispositivo sem fio. As combinações de foto e sinais de rádio foram depois mostradas à Inteligência artificial, que aos poucos aprendeu sozinha a associar um dado ao outro.
As “aulas” foram tão eficazes que o sistema se tornou capaz de identificar movimentos usando apenas um sinal wireless, dispensando de vez a imagem de uma câmera. E como essas ondas de rádio conseguem atravessar obstáculos sólidos, o RF-Pose desenvolveu, de certa forma, o poder de “enxergar” através das paredes.
Além da privacidade
O desenvolvimento de um sistema do tipo levanta, é claro, algumas questões relacionadas à privacidade. Em teoria, seria fácil monitorar uma pessoa dentro da própria casa usando uma solução assim. Mas, de acordo com uma reportagem no site do próprio MIT, é justamente por isso que os pesquisadores planejam implementar um “mecanismo de consenso”. A ideia é que, com isso, o dispositivo usando o RF-Pose só comece a monitorar o ambiente depois que uma pessoa faça alguns movimentos específicos.
Fora isso, o sistema tem potencial para ser muito útil na área da saúde, nos cuidados de pessoas e também em resgates em desastres. A inteligência artificial pode ser usada para acompanhar o desenvolvimento de doenças como Parkinson e esclerose múltipla, para monitorar possíveis quedas de um idoso em casa e também para encontrar vítimas em um desabamento.