Mais cedo, nesta quarta-feira, 27, o Facebook revelou que estava trabalhando em uma inteligência artificial capaz de vencer jogadores profissionais do jogo de tabuleiro oriental Go. O Google não deixou barato. Foram necessárias apenas algumas horas para a empresa começar a divulgar que, ao contrário do Facebook, a empresa já tem uma inteligência artificial capaz de alcançar este feito.
O artigo está documentado na revista científica Nature, contando como o algoritmo da empresa venceu Fan Hui, o campeão europeu de Go com o software AlphaGo. Agora a empresa prepara o software para tentar enfrentar o jogador número 1 do mundo, Lee Sedol, da Coreia do Sul. A disputa acontecerá em março deste ano em formato de melhor de 5.
É inevitável a comparação com a histórica disputa de xadrez entre o russo Garry Kasparov e o computador Deep Blue, da IBM, em 1997. Na ocasião, o maior enxadrista do mundo foi derrotado por um computador, deixando claro que os avanços da tecnologia iriam além dos limites humanos.
“Se vencermos a disputa em março, será o equivalente a derrotar Kasparov no xadrez”, diz Demis Hassabis, cofundador da DeepMind, a empresa que pertence ao Google (na verdade, à Alphabet) que lidera o projeto do AlphaGo. “Lee Sedol é o maior jogador da década. Isso provavelmente significaria que o AlphaGo é melhor que qualquer humano jogando Go”.
Por que demorou tanto tempo?
Se o xadrez é um dos jogos mais complexos e estratégicos do mundo já é dominado pelas máquinas há quase 20 anos, por que demorou tanto para o Go ser dominado? Acontece que o jogo, apesar de mais simples em jogabilidade, possui muito mais variedade de movimentos, permitindo 1.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000 de posições no tabuleiro. É zero que não acaba mais.
São muitos os movimentos possíveis por um jogador de Go, o que torna a previsão muito mais difícil do que no xadrez. Por isso, foram necessárias mais pesquisas mais profundas em inteligência artificial para chegar a este ponto da tecnologia.
A DeepMind, então, utilizou um tipo de IA chamado aprendizado profundo, que envolve o treinamento de redes neurais com base em dados, como fotos ou textos, permitindo que o computador faça deduções sobre novos dados. A tecnologia é similar à que a empresa aplica em vários outros serviços, como o Google Fotos, por exemplo.
Por que é importante?
O Google reconhece que, por si só, o feito não é relevante. Ganhar de um humano no Go é interessante, mas não traz nenhum benefício prático. No entanto, a empresa também vê no avanço da inteligência artificial uma oportunidade.
“Nosso objetivo é aplicar estas técnicas em problemas importantes do mundo real. Os métodos que usamos são genéricos, então esperamos que um dia possamos estendê-los para ajudar a resolver alguns dos problemas mais complexos e urgentes da sociedade, como estudo do clima e análise de doenças complexas. Estamos empolgados em ver em que poderemos usar esta tecnologia em breve!”, diz o blog oficial da empresa.