Se você teme um futuro em que as máquinas dominarão os seres humanos e os colocarão em simulações tridimensionais da realidade como um videogame, como no filme “Matrix”, esta notícia pode não ser muito reconfortante. Uma inteligência artificial conseguiu dar forma 3D – isto é, profundidade e textura – a fotos em 2D de baixa resolução.
O sistema foi criado pelo pesquisador Qifeng Chen, da Universidade de Stanford, nos EUA, em parceria com a Intel. Ele e sua equipe construiram uma rede neural capaz de sintetizar fotos de ruas. Primeiro, essa I.A. foi alimentada com 5.000 imagens em baixa resolução de vias públicas da Alemanha, para “aprender” seus padrões.
Em seguida, os cientistas criaram um modelo 3D para cada imagem. A tarefa da I.A. era acoplar a imagem bidimensional ao modelo tridimensional. Em outras palavras, o desafio era fazer a máquina entender a forma, profundidade, distância e textura de cada objeto numa imagem.
É como se a máquina tivesse o modelo de um rosto humano numa mão e uma foto desse rosto na outra: o objetivo era fazê-la “vestir” o rosto com a foto como se fosse uma máscara, entendendo onde fica o nariz, a boca, qual a textura de cada um, o volume e a profundidade deles.
Nesse caso, porém, a ideia era vestir um modelo de rua com uma foto, identificando a posição de semáfotos, carros, árvores, pedestres e tudo o mais. O resultado foi que a I.A. não só conseguiu reproduzir todas essas fotos em 3D, como também foi capaz de criar cenas, sequências de imagens, quase tão realistas quanto o trabalho de um designer humano.
Veja um vídeo de exemplo do que a máquina foi capaz:
O objetivo dos cientistas, porém, não é criar a Matrix. O sistema ainda não é perfeito e tem dificuldades para construir cenas fotorrealistas. Mas essa técnica pode e deve ser usada por desenvolvedores de games na construção de cenários 3D para jogos, efeitos especiais em filmes, animações ou em realidade virtual, como explica o site Engadget.
O benefício de se usar uma rede neural para isso é que uma desenvolvedora não precisará mais colocar dezenas ou centenas de designers para gastarem meses construindo cenários de filmes ou jogos, mas poderá deixar nas mãos de um computador inteligente para que ele faça pelo menos uma parte do trabalho.
De acordo com Chen, essa tecnologia ainda não está pronta para substituir por completo equipes de artistas gráficos e máquinas de alto desempenho usadas por estúdios mundo afora, mas pode ajudar a, pelo menos, fazer um esboço de como o produto final vai ficar.