Iniciativa sem ‘acabativa’ não é nada

Como sugere a frase de Nizan Guanaes, a execução pode significar o sucesso ou fracasso de um projeto.
Redação14/01/2019 23h51, atualizada em 16/01/2019 00h00

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Uma das frases que mais gosto utiliza um vocábulo que  não existe – “Iniciativa sem acabativa não é nada” –, de autoria do empresário publicitário Nizan Guanaes. Ele a cunhou em palestra  apresentada no 1º Fórum de Empreendedores do Lide – Grupo de Líderes Empresariais. Na ocasião, em outubro de 2010, eu  presidia o Lide Jovem. A ideia por trás dessa frase me veio à cabeça repetidas vezes durante os trabalhos do Festival de Inovação e Cultura Empreendedora, recém-promovido pelo jornal “Valor Econômico” e pelas revistas “Pequenas Empresas, Grandes Negócios” e “Época Negócios”.

Participei, ao lado de Fernando Cymrot, do Canal da Peça (marketplace de peças para veículos pesados), e de Bernardo Carneiro,  da Stone (de adquirência e gateway de pagamentos), de um painel  sobre a maturidade do mercado, as condições favoráveis no ecossistema brasileiro, o acesso a capital e, principalmente, sobre como fazer um negócio ser bem-sucedido.

Como sugere a frase de Guanaes, a execução pode significar o sucesso ou fracasso de um projeto.  Para se executar a complexa tarefa de montar e gerir um negócio, invariavelmente são necessárias pessoas. Do ponto de vista de quem investe no  negócio, há dois desafios de largada importantíssimos: escolher o projeto e, depois de tomada a decisão, montar a estrutura e formar o time. Não basta ao fundo de venture capital, principalmente aqueles que aplicam recursos nos estágios iniciais das empresas, estar seguro em relação à  ideia e ao modelo do negócio e  ao mercado a ser atingido. O empreendedor e seu time são peças-chaves na definição do investimento.

Mas como fazer essa escolha em tão pouco tempo e sem ter participado de outros empreendimentos ou experiências que sejam balizadores da capacidade de execução do time? Essa resposta vale de 1 bilhão de dólares, para fazer alusão às empresas que chegam ao mágico número no mercado de statups, conhecidas como unicórnios.

Para a desilusão geral, não há uma resposta para a pergunta. Até porque existem muito mais casos de insucesso do que de sucesso. Deveríamos estudar mais detalhadamente os casos de insucesso e aprender com os erros do que simplesmente olhar os sucessos e pensar que são replicáveis. Há mais similaridades nos insucessos do que nos sucessos, essa é a grande questão que o mercado de investimento muitas vezes deixa de lado.

No outro modelo, seja do empreendedor montando um time ou de uma venture builder, definir as pessoas que farão parte do time inicial é crucial. Aqui posso dizer que no pouco tempo que tenho no mercado de venture já vi muitos casos de insucesso por escolha errada de time. E não tem a ver com idade e sim com experiências vividas pelas pessoas. Há aqueles que se desenvolvem mais rapidamente e assimilam conhecimento com mais velocidade que outros. Por isso, o fator idade não é determinante. O que posso dizer pela minha vivência, considerando meus erros e acertos, é que acertar na escolha de pessoas passa por uma etapa inicial em que as perguntas e o diálogo que o gestor terá com o candidato ou candidata são determinantes. Perguntas instigantes retêm mais  minha atenção na pessoa. Entender suas dificuldades e como ela lidou com elas gera pontos positivos ou negativos e, por fim, a famosa empatia conta muito ponto nessa hora. Afinal, o gestor trabalhará e conviverá com essa pessoa, e, de preferência, por um longo período.

Os dois empreendedores que me acompanharam no painel têm hoje casos de sucesso, como empresas bem posicionadas mercadologicamente. Mas passaram por diversas situações em que a execução fez a diferença, como mencionou Carneiro, da Stone — “Ajudou muito ter desde o início a certeza de nosso propósito, que era ajudar e dar novas soluções para o comerciante. Depois, estabelecer e seguir uma cultura, ao invés  de ficar mudando de política a cada mês. E, por fim, atrair pessoas competentes, uma etapa que fica bem mais fácil se já foram dados os dois passos anteriores”.  Ele complementou: “Quando se coloca o produto na rua, as necessidades vão aparecendo. No nosso caso, precisávamos aprender sobre expansão a novos mercados  e sobre o ambiente regulatório, que é muito complexo. E, por isso, fomos atrás de pessoas com esses conhecimentos específicos, que foram fundamentais ao aconselhar e ajudar a definir o nosso direcionamento”.

Esses são os aprendizados sobre os quais devemos nos debruçar e nos concentrar. Dentro de histórias de sucesso, há correções e guinadas que precisam de coragem e conhecimento. “Planejar e executar” – esse é o mantra.

Por fim, quero deixar uma recomendação de leitura, aproveitando o clima de final de ano. Compre para você um presente, o livro “Execução – disciplina para atingir resultados”, escrito por Larry Bossidy e Ram Charan (com quem já tive aula no PGA da Fundação Dom Cabral e INSEAD), da Editora Campus. Vale muito a leitura!

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital