Informações pessoais de crianças são vendidas na dark web

Na tentativa de obter históricos de crédito limpos, os golpistas usam os dados para fabricá-los
Roseli Andrion27/03/2019 17h52

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O submundo da internet não para. A tendência atual na dark web é a compra de dados pessoais de crianças. Isso mesmo: pequenos cidadãos, que não têm sequer ideia do que isso significa — e só vão percebê-lo quando começarem a participar ativamente da economia. E é justamente por isso que essas informações são tão valiosas: são totalmente limpas, já que não têm histórico de crédito.

Elas representam uma porta aberta para ações criminosas: compras, empréstimos, emissão de cartões de crédito e qualquer outra atividade similar com a grande vantagem de não haver restrições. “Na dark web, o frescor é um diferencial. Os vendedores se orgulham de oferecer dados que os compradores possam efetivamente explorar”, disse Emily Wilson, vice-presidente de pesquisa em cibersegurança e inteligência da Terbium Labs à ZDNet. “Dados de crianças, em geral, ainda não foram explorados, especialmente quando elas são muito novas.”

É comum que os criminosos ofereçam o pacote ‘child fullz’, que vem com nome, data de nascimento, endereços e número do seguro social (o equivalente ao nosso CPF). Ou seja, o suficiente para o cometimento de fraudes. A demanda por esse material tem crescido e o preço é atraente: são apenas US$ 25 pelas informações. Muitos dados vêm das listas de clientes de pediatras e englobam crianças a partir dos 4 anos de idade.

Nos EUA, há quem use as informações para pedir crédito fiscal — principalmente quando têm dados sobre o restante da família — e há os que prefiram aproveitá-las para pedir empréstimos ou fazer compras grandes. “É assustador, porque os golpistas sabem que, na maioria dos casos, o crime só vai ser descoberto 10, 15 ou 20 anos depois. Afinal, quem monitoraria o crédito de uma criança?”, conta Emily.

Além disso, há poucas verificações de autenticidade: na maioria das vezes, apresentar o número do seguro social é suficiente. “Não há nada que impeça os criminosos de usarem as informações de um bebê de seis meses para pedir um empréstimo ou um cartão de crédito.” Por isso, os dados de crianças são tão atraentes — afinal, o criminoso pode ser o primeiro a usá-los e não precisa perder tempo com perfis com histórico de crédito já abalado.

Para parar isso, é preciso que os bancos e os varejistas passem a exigir outras formas de identificação e mais informações. “Agora que sabemos que isso existe, é preciso implantar outros métodos de verificação para manter tantos os consumidores quanto as instituições seguros.” Apesar de esse tipo de ação já estar em andamento e muitas crianças já terem sido atingidas, é importante agir no sentido de evitar que a incidência aumente ainda mais.

Colaboração para o Olhar Digital

Roseli Andrion é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital