Assistentes virtuais aos poucos começam a fazer parte de nossas vidas. Esses sistemas começaram a ser conhecidos quando entraram em nossos celulares, e logo começaram a dar as caras em outros dispositivos conectados, como caixas de som e TVs. Mas não há como negar: por mais que a tecnologia tenha avançado nos últimos anos, as capacidades dos assistentes virtuais ainda são limitadas em capacidade.

Se você parar para pensar, serviços como Google, Alexa, Siri, Cortana cumprem uma função específica: responder a algumas perguntas específicas quando apresentadas a ela, diante de comandos bastante limitados. É uma resposta impessoal e sem rosto.

Essa é uma questão na qual a indústria de tecnologia está trabalhando, com o objetivo de ir além de uma inteligência artificial que possa responder algumas dúvidas. É o caso, por exemplo, da Soul Machines, uma empresa nascida na Nova Zelândia, que visa criar “humanos artificiais”.

A ideia do humano artificial da Soul Machines é integrar uma interface de voz, que vá além das simples perguntas e respostas que as assistentes virtuais que temos atualmente, a um rosto virtual animado, capaz de demonstrar emoções e empatia de acordo com o contexto.

Greg Cross, director de negócios da Soul Machines, explica que a tecnologia é modelada com base na química do cérebro humano. Os sistemas da empresa reconhecem a imagem de alguém que esteja sorrindo, por exemplo, e o sistema nervoso virtual entende que se trata de uma situação positiva. A partir daí, a máquina cria o equivalente virtual a dopamina e serotonina, que são os neurotransmissores responsáveis pelas sensações de alegria e bem-estar do ser humano; consequentemente, o rosto virtual entende que a resposta adequada àquela situação é se sentir feliz e sorrir de volta para o usuário.

Na prática, o que a Soul Machines produz são “chatbots”, uma tecnologia que começou a ganhar corpo nos últimos anos, aplicando tecnologia de inteligência artificial especificamente para atendimento ao cliente, especialmente por meio de aplicativos de mensagens. No entanto, a empresa desenvolve sistemas que vão um pouco além do que estas ferramentas normalmente possuem.

Cross conta que, em vez de colocar conteúdo pré-programado para responder a perguntas específicas de um usuário, a empresa utiliza os modelos cerebrais para replicar o comportamento humano em tempo real, ao mesmo tempo em que anima de forma autônoma o rosto na tela para operar de acordo com o que é dito e para exibir as expressões faciais de acordo com o contexto.

No entanto, para que a inteligência artificial possa se transformar em um “humano artificial”, é necessário muito mais do que um rostinho animado com o qual seja possível ter algum tipo de empatia. A máquina precisa ser capaz de conversar como um ser humano, e para isso é necessário que ela consiga dominar múltiplos assuntos, e não apenas realizar uma tarefa específica como é o caso da maior parte das inteligências artificiais que já foram desenvolvidas até hoje.

É algo que a Soul Machines ainda não está exatamente perto de desenvolver, já que suas máquinas ainda servem a um propósito específico, dependendo do objetivo do cliente. Segundo a IBM, cuja plataforma de computação cognitiva Watson serve de base para o funcionamento das máquinas, a tecnologia já é capaz de reconhecer e responder corretamente mais de 40% das interações sem qualquer intervenção humana, o que é uma boa estatística, mas ainda está longe do que uma IA precisa ter para ser considerada um “humano artificial”.

A tecnologia para chegar a esse ponto, em que uma inteligência artificial seria capaz de dominar múltiplas ações, precisaria evoluir consideravelmente para alcançar o que se chama de “inteligência artificial genérica”, que seria capaz de dominar várias habilidades, permitindo assim ir além de uma busca simples por comandos de voz.

O desafio para chegar lá será grande e a proximidade dessa realidade ainda divide especialistas. Fazer uma inteligência artificial escutar e compreender uma frase já não é uma tarefa simples; para tal, é necessário muito treino com bases de dados gigantescas. Para fazer com que a máquina ganhe níveis que se aproximem do cérebro humano, seria necessário muito mais esforço e novos algoritmos, o que não parece estar no horizonte no momento.