Gravações do Google Assistente estão sendo ouvidas por humanos

Descoberta foi feita por um emissora de televisão belga. Empresas se defendem afirmando que essa prática é essencial para o desenvolvimento da Inteligência Artificial de seus assistentes.
Luiz Nogueira11/07/2019 12h49, atualizada em 11/07/2019 13h17

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Uma reportagem da emissora belga VRT NWS revelou como as pessoas contratadas para transcrever clipes de áudio coletados pelo sistema de Inteligência Artificial do Google podem acabar ouvindo informações confidenciais dos usuários, incluindo nomes, endereços e detalhes sobre suas vidas pessoais.

As descobertas feitas pela emissora mostram como nossas interações com assistentes de IA não são tão privadas como acreditamos ser. No início deste ano, uma reportagem da Bloomberg revelou detalhes semelhantes sobre a Alexa da Amazon, explicando como os clipes de áudio gravados pelos dispositivos Echo são enviados sem o conhecimento dos usuários para funcionários humanos, que transcrevem o que está sendo dito com o objetivo de melhorar os sistemas de IA da empresa.

E o pior de tudo é que esses clipes geralmente são gravados inteiramente por acidente. Na maioria das vezes, os assistentes de IA, como Alexa e Google Assistente, só começam a capturar o áudio quando ouvem sua respectiva palavra de ativação, mas essas descobertas mostram que os dispositivos começam a gravar por engano na maioria das vezes.

A VRT NWS informa que focou sua apuração nos usuários do Google Assistente, e que, em uma entrevista com um dos funcionários de uma empresa responsável pelas transcrições, foi informada que cada funcionário é responsável por transcrever cerca de mil clipes de áudio por semana. Em um dos clipes que ele revisou, ele afirma ter ouvido uma voz feminina em apuros, e disse que sentia que “violência física” estava envolvida.

Mesmo com as denúncias, as empresas de tecnologia afirmam que enviar clipes de áudio para que seres humanos os transcrevam faz parte de um processo essencial para melhorar sua tecnologia de reconhecimento de fala. Eles também enfatizam que apenas uma pequena porcentagem das gravações é analisada dessa maneira. No entanto, isso não impede que os indivíduos revelem informações confidenciais nas gravações.

Outro ponto disso é que as empresas não são sinceras sobre esse processo de transcrição. A página da política de privacidade do Google Home, por exemplo, não menciona o uso de funcionários humanos para realização de tal atividade, ou até mesmo a possibilidade de que esse registro dos áudios ocorra.

Essas omissões de práticas podem causar problemas legais para as empresas, as pessoas podem se sentir expostas a todo o momento por compartilhar qualquer informação pessoal próxima aos seus dispositivos de IA, ou até mesmo de seu smartphone. Segundo a emissora, o Google foi procurado para esclarecer essa questão, porém, a empresa não se pronunciou.

Via: The Verge

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital