Governo chinês interrompe projeto polêmico de edição genética em bebês

Daniel Junqueira30/11/2018 13h24, atualizada em 30/11/2018 14h00

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O experimento polêmico que supostamente gerou duas crianças geneticamente modificadas na China foi interrompido pelo governo local em meio a críticas por parte da comunidade científica e também de autoridades chinesas, segundo a Associated Press.

No começo da semana, o pesquisador He Jiankui afirmou ter modificado os genes de dois bebês gêmeos que teriam nascido com saúde em uma maternidade chinesa. Ele teria removido os genes que servem como porta de entrada para o vírus HIV nas crianças, fazendo com que elas tenham nascido supostamente imunes à AIDS.

Durante a semana, o cientista saiu em defesa do experimento e disse que outras gestações de bebês geneticamente modificados podem estar a caminho.

Mas o governo chinês exigiu a paralisação do estudo. O vice-ministro de ciência e tecnologia da China, Xu Nanping, explicou à emissora estatal CCTV que o ministério se opõe fortemente a esse tipo de estudo, que considerado ilegal e inaceitável. Ele também disse que a equipe responsável pelo experimento vai ser investigada.

He Jiaokui vem sendo duramente criticado desde que divulgou o suposto experimento por uma série de fatores. Para começar, existe uma questão ética. Por mais que cientistas enxerguem a tecnologia de edição genética CRISPR – usada pelo pesquisador chinês – como uma ferramenta importante e que pode ajudar no tratamento de doenças genéticas, a comunidade acredita que o uso dela no futuro para fins reprodutivos só deve ser considerada quando existe necessidade médica clara.

Além disso, He até agora não provou que de fato criou os bebes editados geneticamente. O estudo não foi analisado por pesquisadores independentes até o momento, embora o cientista afirme ter enviado ele para checagem por uma revista acadêmica.

Ex-editor(a)

Daniel Junqueira é ex-editor(a) no Olhar Digital