Google quer que Android use o kernel padrão do Linux; entenda o benefício

Proposta poderia acelerar atualizações do sistema operacional e reduzir trabalho do Google e fabricantes de celulares e componentes
Renato Santino20/11/2019 18h55, atualizada em 20/11/2019 19h00

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Você que é um entusiasta do Android provavelmente já sabe que o sistema operacional é construído sobre o kernel do Linux desde seu nascimento. No entanto, ele ainda é bastante modificado pelas partes envolvidas na produção do celular, como as fabricantes, as companhias que desenvolvem chips e o próprio Google. Agora, a empresa decidiu levar a sério uma proposta de aproximar os dois kernels.

Como relata o site Ars Technica, engenheiros do Google revelaram o projeto durante a Linux Plumbers Conference. Segundo eles, há grandes ganhos em tentar unificar o kernel convencional do Linux com o Android, reduzindo o trabalho das empresas envolvidas e do próprio Google.

A primeira parte desse processo é incorporar as modificações feitas ao kernel do Linux no Android ao kernel principal. Em fevereiro de 2018, o núcleo do Android registrava mais de 32 mil inserções e mais de 1.500 remoções na comparação com a versão padrão. Essa base ainda recebe outras modificações por parte dos fabricantes.

Para o usuário comum, no entanto, também haveria um ganho importante se o projeto tiver o sucesso que o Google almeja. Ao incorporar o Project Treble, ferramenta lançada em 2017 que “isola” o centro do Android de drivers específicos de cada dispositivo, ao kernel principal do Linux, a expectativa é que não haja mais a necessidade de kernels específicos para cada aparelho. Na prática, isso permitiria agilizar consideravelmente as atualizações do sistema operacional, que ainda são um transtorno para empresas e usuários.

O Google também aproveitou a apresentação para demonstrar o progresso feito até o momento. No palco foi demonstrado um Pocophone, celular da Xiaomi, rodando o Android 10 com o kernel principal do Linux. Ao que tudo indica, vários recursos ainda estavam desabilitados, o que pode ser deduzido pelo fato de que o mostrador de bateria marca 0% de carga, mas o objetivo era demonstrar que o celular já é capaz de ligar com o novo kernel.

Reprodução

Agora é esperar para ver como esse projeto se desenvolve ao longo dos próximos anos. Planos em fase inicial como a integração dos kernels do Android e do Linux podem não ir para frente se o Google perceber que o esforço não vale a pena.

Também é importante notar que o Google está há alguns anos trabalhando no misterioso Fuchsia, um sistema operacional com um kernel próprio, não-baseado em Linux. O Google ainda não abriu o jogo sobre qual seria a finalidade do sistema, mas especula-se que ele poderia ser um substituto do Android como conhecemos atualmente em um futuro não muito distante.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital