O Google anunciou hoje o “Pixel Visual Core”, um componente voltado para o processamento de imagens que é também o primeiro processador feito pela empresa. E, curiosamente, o Pixel Visual Core já foi lançado: há um dele dentro de cada celular Pixel 2 e Pixel 2 XL que o Google lançou recentemente. 

Por enquanto, porém, os componentes estão desativados dentro dos dispositivos. O Google anunciou, no entanto, que pretende ativá-los por meio de uma atualização de software para o Android 8.1. A atualização, segundo a empresa, deve chegar ao longo dos próximos meses – e o Google promete que ela vai beneficiar todos os usuários de Android.

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Unidade de processamento de imagens

Segundo o anúncio, o Pixel Visual Core tem como peça principal uma IPU, sigla em inglês que significa “Unidade de Processamento de Imagens”. Essa IPU foi desenhada inteiramente pelo Google, incluindo a arquitetura dos núcleos. São, aliás, oito núcleos feitos sob medida, cada um dos quais contém 512 unidades de lógica aritmética. Um esquema do componente pode ser visto abaixo:

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Reprodução

Com essa configuração, a empresa diz que o IPU é capaz de executar mais de 3 trilhões de operações por segundo, usando uma quantidade de energia adequada a um dispositivo móvel. Isso permite que o sistema de alto alcance dinâmico do Google, o HDR+ (que é um dos principais responsáveis pela câmera dos Pixels ser tão boa) rode cinco vezes mais rápido e gaste dez vezes menos energia do que se ele fosse processador da maneira tradicional.

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De acordo com o Google, toda essa eficiência é possível graças a uma grande compatibilidade entre o hardware e o software – o software controla muito mais aspectos do Pixel Visual Core do que em processadores tradicionais. O problema disso é que é mais difícil programar o componente usando linguagens tradicionais. Por isso, ele utiliza as linguagens Halide (para processamento de imagem) e TensorFlow (para aprendizagem de máquina), bem como um compilador especial que otimiza o código para o processador.

Entrando na briga do silício

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Incluir o Pixel Visual Core no Pixel 2 faz com que o celular tenha, efetivamente, dois processadores diferentes, como o Ars Technica aponta. O ideal, na opinião do site, seria que o celular tivesse um único processador central, e integrasse o sistema de processamento de imagens ao lado da GPU (o de processamento de gráficos). 

A questão, nesse caso, é que o processador do Pixel 2 é baseado no Snapdragon 835, da Qualcomm. E a Qualcomm não permite que as fabricantes misturem seus próprios componentes em seus processadores. O Ars Technica acredita que esse é o motivo pelo qual o Google optou por essa arquitetura menos convencional. E sugere ainda que o Google poderia oferecer processadores de smartphone com sua IPU integrada às outras fabricantes de celulares Android para concorrer com a Qualcomm.

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Essa opinião do site vai ao encontro de rumores publicados há mais de dois anos pelo The Information, segundo os quais o Google estaria interessado em criar seus próprios processadores para celulares. Mas também é possível que a empresa tenha reduzido suas ambições relativas a hardware desde então, e que o Pixel Visual Core seja de fato o seu produto final. 

Mesmo assim, os benefícios da tecnologia serão sentidos também por quem não tem um Pixel 2. A empresa afirmou também que pretende, no futuro, integrar a tecnologia HDR+ na API de câmera do Android. Isso significa que todos os aplicativos Android que acessam a câmera do celular poderão tirar proveito da tecnologia. 

No futuro, porém, ela pode ser ainda mais útil. Isso porque, como a empresa ressalta, o Pixel Visual Core é um componente programável, e o HDR+ é apenas o primeiro aplicativo programado para ele – o Google diz que já está preparando um novo conjunto de aplicativos para o componente. Fora isso, como ele usa tecnologia de aprendizagem de máquina, ele deve melhorar de maneira contínua com o tempo.