O Google anunciou ontem uma parceria com a Funai (Fundação Nacional do Índio) para mostrar os territórios de povos indígenas no Google Earth e no Maps. De acordo com a empresa, a parceria permitirá que os terrenos dessas tribos sejam adequadamente representados nas ferramentas de mapeamento do Google.

Tanto no Google Maps quanto no Google Earth, os territórios indígenas associados a diferentes tribos brasileiras poderão ser encontrados por meio de buscas. No gif abaixo, por exemplo, é possível ver como o Google Earth mostra a terra da tribo Kayapó, na Amazônia:

Segundo o Google, trata-se de uma iniciativa importante para apoiar a preservação cultural e o gerenciamento de terras indígenas no Brasil. Ao todo, nosso país tem mais de 500 mil pessoas indígenas vivendo em 472 territórios certificados pelo governo, que representam 13% da área territorial total do Brasil, de acordo com a empresa.

Mais do que isso, porém, a inserção dos territórios indígenas no Maps e no Earth também ajudam a ressaltar a importância dos povos indígenas para a preservação da floresta amazônica. Trata-se do ramo de floresta tropical com maior biodiversidade do mundo. Mas a floresta tem sofrido enormemente com o desmatamento, que destrói a biodiversidade da região e aumenta a emissão de gases estufa. Os territórios indígenas, porém, continuam a representar polos de preservação dessa floresta.

Abaixo, por exemplo, é possível ver o efeito do desmatamento ao longo do tempo na região amazônica. As áreas envoltas por linhas amarelas são os territórios pertencentes a tribos indígenas. Fora deles, a crescente área amarela representa áreas atingidas pelo desmatamento. Como se pode ver, esses territórios se mantêm como “ilhas” de floresta amazônica preservada, enquanto seus entornos desprotegidos são quase totalmente devastados:

Colaboração de longa data

Não se trata da primeira vez que o Google colabora com populações indígenas. Em 2007, o Cacique Almir, da aldeia Suruí, viu pela primeira vez o Google Earth. Ele propôs então uma parceria com a empresa que, cinco anos depois, resultou na criação de um mapa da herança cultural do povo Suruí, bem como um recurso para ajudar a monitorar o desmatamento ilegal usando celulares Android. 

Essa colaboração se tornou a primeira iniciativa oficial de proteção ambiental liderada por povos indígenas. Por meio dela, o povo da aldeia Suruí pode calcular o valor de sua floresta no mercado internacional de créditos de carbono e, com isso, receber fundos para investir na preservação de seu território e cultura.

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